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Empoderamento em Stranger Things
Empoderamento em Stranger Things

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Netflix e a geração do empoderamento: Stranger Things

Hoje vamos falar um pouco de séries por aqui. Com 21 anos de empresa, mesmo que só oito no Brasil, a Netflix consolidou-se mundialmente como lançadora de tendências. Entre suas produções originais mais populares no país, algumas seguem com forte apreço a onda do empoderamento feminino.

Mesmo que o feminismo exista há tantos anos, ele nunca esteve tão em evidência nas mídias e no entretenimento. Tornou-se quase medida obrigatória que um filme ou série tenha pelo menos uma personagem dona de si. Pesquisas como o Teste de Bechdel, que analisa a presença feminina nos filmes, ajudaram a trazer um novo olhar à esta problemática.

E no mundo do entretenimento, ninguém tem feito tanto barulho quanto a Netflix. Depois de anunciar que tornaria-se disponível em todo o mundo, em 2016, a rede de streaming garantiu alguns fundamentos essenciais. Entre eles, acessibilidade e representatividade. Com exceção de China, Síria, Coreia do Norte e a região da Crimeia, o mundo inteiro pode desfrutar das inúmeras possibilidades oferecidas pela plataforma.

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Entre essas possibilidades, estão os aprendizados entre personagens. Aquelas meninas e mulheres icônicas que têm tornado as principais séries do streaming ainda mais especiais. Que além de boas histórias, agregam boas mensagens. E o mais legal: elas não são poucas. Confira algumas delas a seguir e lembre-se: esse texto contém MUITOS spoilers.

Stranger Things

Vamos começar pela série que bateu recordes de audiência da Netflix. Vista por mais de 40 milhões de usuários em seus primeiros quatro dias de terceira temporada, Stranger Things conquistou o coração dos brasileiros com suas tramas sci-fi/políticas/adolescentes.

Mesmo sendo uma série adolescente, as meninas em Stranger Things fogem dos estereótipos. Tem personalidades, identidades e desafios únicos. Escapam alguns clichês, mas não deixam de ser bons exemplos de empoderamento. Vamos conferir algumas delas.

Nancy Wheeler, a patricinha corajosa

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Nancy tinha tudo para ser a princesinha que cai nas mãos dos bandidos. Com seu jeito doce e visual cândido, a personagem é a personificação da inocência. Mas ao invés de torná-la um clichê da patricinha, os roteiristas de Stranger Things foram além.

Seu desenvolvimento não depende de ninguém além de si mesma, pois são as próprias reflexões sobre os acontecimentos e um forte senso de lealdade que a tornam uma protagonista corajosa.

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Nancy passa por diversas provações. Na primeira temporada, tem que enfrentar o sumiço de sua melhor amiga Barb e a fragilidade do relacionamento com Steve.

Na segunda, envolvida com Jonathan, investiga os acontecimentos estranhos em Hawkins.

Já na terceira, em um ambiente de trabalho machista, tenta a todo custo provar uma história que faria seus chefes ficarem boquiabertos.

A cada episódio, a personagem é instigada a ir mais fundo. E mesmo indo cada vez mais longe, ela não perde sua fragilidade. Seus medos, dúvidas e anseios são sempre expostos, como na cena da terceira temporada em que Nancy desabafa com a mãe, na cozinha.

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Demonstrar fraquezas e lutar para superá-las é uma boa qualidade, que nos mostra a humanidade de Nancy. Mesmo com tantos desafios a passar, ela segue se superando a cada temporada. O poder feminino também está no equilíbrio pessoal e emocional, o que Nancy tem conquistado cada vez mais.

Madmax, a amiga sabe-tudo

Todo mundo tem aquela amiga que mesmo criança, já parecia mega experiente, dona da razão e certa sobre tudo. A Max é essa personagem, e mesmo surgindo apenas na segunda temporada, é difícil pensar que ela não esteve desde o começo.

A individualidade e forte personalidade de Max são dois atributos fundamentais para uma personagem feminina. Ela tem seu estilo, fala com convicção e está sempre segura de si, mesmo na pior das situações.

Além de tudo, preserva o forte senso de humor, servindo como um alívio cômico bem posicionado – principalmente nos diálogos com Lucas, seu namorado. Mesmo com a forte carga emocional da morte de seu irmão, a personagem é resiliente e segura de si, conseguindo manter a razão.

Nova na cidade e no grupo de amigos, ela poderia ter chego tímida, como quem não quer ocupar espaço. Mas Max fez justamente o contrário: se juntou ao grupo já querendo saber de tudo, organizando estratégias e bolando planos junto aos meninos.

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Na busca por Eleven, na segunda temporada, ela assume o protagonismo feminino jovem e rouba a cena. É uma personagem engajada e que move os outros ao redor.

Um ponto importante da terceira temporada é a construção da amizade entre as personagens. Enquanto Eleven não é muito social e tem que aprender a “ser uma adolescente normal”, Max tem todo o código na ponta da língua. Ela acolhe as dúvidas de El e torna-se esse ponto seguro, a amiga que está sempre ali.

A construção de uma relação feminina adolescente sadia é difícil de achar nas séries americanas, que quase sempre inserem farpas, inseguranças ou maneiras de estimular a competição entre garotas. Algo que, convenhamos, é instigado tanto nas telas quanto na vida real. Mas em Stranger Things, a sororidade está em primeiro lugar.

Erica Sinclair, a identidade em formação

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Desafiadora e sem papas na língua, a garotinha de 10 anos nos traz uma reflexão importante sobre como as personagens infantis são injustiçadas em muitas séries. Claro, estamos falando de uma produção em que as crianças já eram consideradas a parte mais importante da equação.

Mas Erica tinha tudo para ser apenas a irmãzinha engraçada que mete o nariz em tudo.

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Com linearidade, a personagem se desenvolve de forma inteligente, demonstrando inúmeras camadas. É uma boa ilustração do julgamento e dos estereótipos que atribuímos à primeira vista.

Aos poucos, vemos várias faces de Erica: a líder, a atenta, a confiável e claro, a nerd, que ela negava desde o começo.

A ousadia de Stranger Things está na criação de personagens secundários que se destacam. De uma breve aparição no fim da segunda temporada, Erica conquistou um espaço importante. Seu gênio forte e temperamento costumam ser inaceitáveis na representação feminina, sempre reprimidos ou punidos de alguma forma.

Neste caso, vemos uma possibilidade de construção de identidade, quando a personagem é desconstruída em sua vulnerabilidades para assumir um papel mais criativo.

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Mesmo autoconfiante, Erica projetava constantemente um mecanismo de defesa para evitar que os amigos de seu irmão tirassem sarro dela. Aos poucos, em meio à aventura com Dustin, Steve e Robin, ela vai demonstrando sua autenticidade.

Tem seus momentos infantis, com discussões vazias, como são naturais de uma criança. Permite-se agir de acordo com sua idade, sem a postura de uma menina superior, que está sempre tentando se mostrar.

Joyce Byers, a mãe leoa

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Joyce é um bom exemplo de cobrança sobre personagens femininas. Ela tinha tudo para ser apenas a mãe desesperada da primeira temporada, que mesmo correndo atrás de Will a todo custo, vivia com medo.

Ao invés de torná-la numa personagem vencida, a série resolveu lhe atribuir mais desafios. E vejam só, ela conseguiu vencer todos eles.

Esta é uma personagem que vai descobrindo sua força, mas que já era forte desde o começo. Lembremos da Joyce independente, uma mãe solteira que trabalhava dia e noite para garantir o melhor para os filhos.

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Sempre colocando-os em primeiro lugar, o principal desafio de Joyce era sair da zona de conforto emocional. Ela construiu muros em sua vida que a limitavam, que tornavam sua vida em uma rotina sem propósito.

Todo o sofrimento passado tanto na busca por Will como pelo fim do relacionamento com Bob servem para abrir a guarda da personagem.

Enquanto muitas personagens de Stranger Things enfrentam a adversidade tornando-se mais frias, Joyce vai se tornando cada vez mais sensitiva, energética e ativa. E isso é mostrado perfeitamente na terceira temporada, quando toma todas as iniciativas na busca junto a Hopper.

Aos poucos, vai identificando seus gostos, vontades e sonhos. Ela havia parado no tempo, vivendo para os filhos, mas abrindo mão de si mesma. As adversidades colocaram Joyce na posição de arriscar, o que é um constante aprendizado tanto em sua identidade como na autoconfiança.

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A cada temporada, vemos uma personagem mais firme e surpreendentemente resiliente. Isso sim é girl power!

Fique atento à próxima parte deste especial! Começamos com Stranger Things, mas ainda temos muitas personagens empoderadas para ver por aqui. Até a próxima!

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