Entrevista | Marcelo Hayena – “A pandemia é um tapa na cara”
Entrevista | Sandami – “Solidariedade é a palavra chave”
Entrevista | Slick – “A música é uma ferramenta de transformação”

O rapper Slick, de Guarujá, é uma das atrações confirmadas para a ação Juntos Pela Vila Gilda, do Blog n’ Roll. Como artista, ele vê o evento como uma forma de contribuição. A iniciativa busca receber doações para arrecadar cestas básicas às pessoas de baixa renda da região. Isso porque muitas foram afetadas pelas consequências da pandemia. “É de máxima importância, todo artista deve contribuir com a sua arte, principalmente para ações como essa. A música é uma ferramenta de transformação, então devemos usá-la para o bem”, diz Slick. Arte e pandemia Recentemente, Slick lançou o single Renascimento. Ele diz que pretende dar uma inovada no repertório, mas sem perder a sua essência. O rapper está criando projetos musicais nesse período, embora esteja sendo difícil ver tudo o que está acontecendo devido a covid-19. “Tá sendo bem difícil, toda a preocupação que a pandemia gera. As vidas que estão sendo levadas por causa desse corona, dói. Também pra gente que trabalha com a arte tá sendo complicado, a renda financeira tá super baixa pra nós artistas independentes. Mas, seguimos fazendo o que a gente pode até essa pandemia acabar. Tenho criado muitos projetos musicais, tô estudando muito produção musical, o que tá rolando na cena. Isso para lançar meus próximos sons com uma melhor qualidade”. Slick Família é motivação para Slick A família está muito presente nas inspirações de Slick nos últimos lançamentos. E nesse momento de pandemia, destaca que está sendo de extrema importância. “Esse período que passamos mais tempo juntos em casa, só deixa nossa conexão mais forte. Tenho mais tempo para passar com minha filha e minha esposa, o que vai unindo mais nossa família”. Motivado por sua família e seu sonho, Slick pretende alcançar com sua arte o máximo de vidas. “E de alguma forma ajudar cada pessoa a nunca desistir dos seus sonhos e sempre se esforçar para ser uma boa pessoa. Também quero viver 100% da minha música, poder pagar minhas contas com a música”. Vamos Juntos! Juntos Pela Vila Gilda vai ao ar no dia 25 de julho, no YouTube do Blog n’ Roll. Na ocasião, haverá um QR Code para pessoas e empresas fazerem suas doações. Slick será um dos mais de 100 artistas confirmados no evento. No entanto, a lista completa de artistas só será revelada no dia 13 de julho.
Entrevista | Guto Goffi – “Vamos derramar essa lágrima de alegria juntos”
Entrevista | Pilar – “Você tá doando porque está recebendo e vice-versa”

Campo-grandense de nascimento e radicada em São Paulo, a cantora Pilar, de 24 anos, tem vivido um momento especial. Do ano passado para cá, ela se apresentou no Brazilian Day de Estocolmo (Suécia) e no Festival Mundo Psicodélico, em São Paulo. Gentilmente foi o single que impulsionou a carreira da cantora. Mas foi com o EP de estreia, Confluir, lançado em maio, que Pilar consolidou o grande momento. O trabalho conta com seis músicas autorais, incluindo uma parceria com Zeca Baleiro (Favela City). A ligação de Pilar com a música, no entanto, é muito mais antiga. Desde os cinco anos, ela se viu incentivada pelos pais. “Desde cedo fui muito conectada com a música e posso dizer que meu gosto musical também era bem eclético, desde nova. Minhas primeiras referências eram Tribalistas, Buena Vista Social Club e Elis Regina, mas ao longo dos anos fui escutando de tudo que é gênero possível. Eu tive várias fases e sei que a minha musicalidade vem dessa influência mesmo, dessa fusão de todos os ritmos e gêneros que gosto de escutar”. Parceria com Zeca Baleiro A ligação com Zeca Baleiro veio pelo produtor, Adriano Magoo, que também é tecladista do maranhense há anos. Coincidentemente, no dia em que ele escutava a mix de Favela City, tinha uma gravação agendada com Zeca. “Ele ouviu e se interessou, gostou da música. E tinham oito compassos que estavam só instrumental e aí acabou acontecendo essa parceria. Foi uma experiência única, o Zeca é um puta artista, puta compositor, admiro muito o trabalho dele, então, foi um enorme privilégio poder gravar uma música com ele”. Paixão pelo jazz Do Zeca Baleiro ao Buena Vista Social Club, ou da Elis Regina ao Bob Marley, Pilar não perde a mão na hora de trabalhar seu caldeirão de influências. Passeia pelo reggae, pop, jazz, soul, mas todos com uma boa roupagem de MPB. “Me sinto mais à vontade no jazz. Eu gosto muito de cantar jazz, tudo que envolve usar mais a extensão vocal, brincadeira de improviso de voz, essas coisas, me sinto numa zona de conforto”. Pilar em vários idiomas Outra característica da obra de Pilar é cantar em vários idiomas. No EP de estreia, ela canta em português, espanhol e inglês. Para a artista, a questão de chegar ao mercado internacional é mais um benefício do que o propósito em si. “Como minha base de estudo musical foi o canto lírico, sempre tive esse hábito de cantar em italiano, espanhol, latim. Então, já tinha essa coisa como cantar em outros idiomas e era algo que tinha muita vontade de trazer para as minhas composições, essa pluralidade mesmo”. Um dos grandes destaques de Confluir é a divertida Namastreta, com o refrão: a vontade mesmo, era mandar você se fuder, mas eu digo, namastê. A vontade mesmo, era mandar você pra aquele lugar, mas te desejo paz de Jah. “Eu escrevi ela muito espontaneamente, não foi nem com o intuito de produzir, gravá-la. Só que ficou tão legal que no fim o produtor falou a gente tem que gravar essa música”. A inspiração para a canção não teve nenhuma pessoa em especial como inspiração. “Foi uma semana que estava tudo dando errado. E eu sou uma pessoa que busco ter esse equilíbrio emocional, ter essa conexão com o espiritual, não me deixar abalar tanto pelas coisas que acontecem no dia a dia. Mas querendo ou não, a gente é humano, né? E tem horas que é muito difícil a gente não se deixar levar pelas emoções. Namastreta acabou saindo como uma forma de desabafo mesmo”. Pilar no Juntos Pela Vila Gilda Confirmada no Juntos Pela Vila Gilda, Pilar acredita que a ação social é um ciclo de energia. “Você tá doando porque está recebendo e vice-versa. É algo que quanto mais a gente pratica, mais a coisa se torna automática e inerente nossa”. “A ação achei muito legal. É realmente usar essa visibilidade que a gente tem pra tá levando isso a mais pessoas, trazendo essa consciência de ajudar e tentar fazer nosso papel ali, faz uma diferença gigante”.
Entrevista | Detonautas – “Usamos nossa voz para poder ajudar os outros”
Entrevista | Guilherme Schwab – “O artista é uma ponte, a função é muito importante”

O cantor e multi-instrumentista Guilherme Schwab tem um rosto conhecido. Quem acompanhou a primeira temporada do SuperStar, na Rede Globo, em 2014, certamente lembrará de Guilherme no grupo Suricato, um dos finalistas do programa. Mas a carreira solo do carioca é tão empolgante quanto. Antes mesmo do programa colocar luz em cima do Suricato, Guilherme já possuía uma carreira em andamento. Pangea, o primeiro álbum, quase não teve divulgação, justamente por conta da seleção pelo SuperStar. Agora, ele chega com o EP Tempo dos Sonhos, com cinco faixas. “Acabei divulgando pouco (Pangea). Fiz uma mini-turnê no Sul, em janeiro de 2104. Depois fiz shows em Portugal. Mas aí, logo na chegada aqui, já pintou o SuperStar. Enfim, aí por um combinado da banda, na época, todo mundo deu prioridade. Mas ainda penso em disponibilizar sim. Ele foi lançado só em formato físico. Pretendo colocar (no streaming), talvez, não um disco inteiro, mas acho que algumas faixas sim”, comenta o músico. Sol-te Vencedor do Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock Brasileiro, em 2015, pela gravação do disco Sol-te com a Suricato, Guilherme Schwab trouxe uma bagagem ainda maior para o novo EP. Além do Suricato, ele também acompanhou músicos de renome como Erasmo Carlos, Caetano Veloso, Ney Matogrosso, Luan Santana, entre outros. “É muito bacana observar. Estar ali não tendo uma carga de responsabilidade tão grande, muito diferente do posicionamento do músico e do artista, né? Então, como músico, você não tem uma responsabilidade tão grande. Você acaba tendo um pouco mais de distanciamento também. Então, você consegue observar mais, você é colocado em situações com artistas muito grandes, encara grandes papéis, em palcos enormes. Isso tudo te dá experiência”, argumenta Guilherme. Pesquisa Musical Em Tempo dos Sonhos, o violão é a pedra fundamental da obra. Mas o que não falta é pesquisa musical. Guilherme é um pesquisador nato de música. É inquieto e busca sempre uma sonoridade inovadora para acompanhar sua veia comercial. “São coisas que já venho trazendo na minha sonoridade há muitos anos. Muitas pesquisas musicais minhas, com didgeridoo, viola caipira, guitarra, como meu instrumento principal. Como instrumento é à ela que recorro quando tenho alguma dúvida”. Mas em faixas como Vem, Hora e Lugar, Seu Pra Sempre, Vamo Embora Viver, além da versão de Tocando em Frente, Guilherme Schwab desfila uma infinidade de instrumentos como weissenborn (violão havaiano), o hang drum (percussão original da Suíça) e o didgeridoo (instrumento musical oriundo dos aborígenes australianos). “O processo de gravação foi muito cauteloso. O Juliano (Cortuah), que é o produtor do disco, teve grande mérito. Muito de ter chamado ele foi justamente para conduzir esse processo. Às vezes tocar muitos instrumentos te deixa um pouco sem direção, talvez. E a gente combinou isso. O fato de tocar não pode atrapalhar, tem que ser uma ferramenta para ser utilizada com sabedoria. Acho que ele tem um papel fundamental”. Uma das gratas surpresas do EP é a versão de Tocando em Frente, de Almir Sater e Renato Teixeira. “É uma música que fala comigo muito profundamente, acho que não só comigo, mas com muitas pessoas, né? Acho que ela é quase unanimidade, então quando fiz a versão, nem pensei muito. Acho sempre arriscado fazer versões assim, ainda mais um clássico como esse. A Bethânia gravou essa música. Considero Tocando em Frente um hino, quase uma oração”. Juntos Pela Vila Gilda Guilherme Schwab é uma das atrações do Juntos Pela Vila Gilda, ação social do Blog n’ Roll em parceria com o Instituto Arte no Dique, que reunirá mais de 120 artistas em prol do Dique da Vila Gilda. No dia 25 de julho, os artistas farão pequenas apresentações e pedirão doações para a compra de cestas básicas para os moradores da Vila Gilda. “Cada um de nós é um elo dessa corrente. Eu não tenho nem palavras para definir o que a gente vê nos jornais sobre pessoas ricas, que não precisam, mas recebem o auxílio, enquanto algumas pessoas que passam fome não estão conseguindo receber. O artista é uma ponte, a função é muito importante. Escolhemos Alagados, do Paralamas, que tem tudo a ver com o Dique da Vila Gilda, além de outra canção do disco, Vem, para que mais pessoas possam conhecer meu trabalho autoral”.
Juntos Pela Vila Gilda ganha mais força com atrações

Faltando pouco menos de um mês para o Juntos Pela Vila Gilda, a lista de atrações ganha mais força. Até o momento, 120 nomes já confirmaram presença no evento, que tem como objetivo arrecadar fundos para a compra de cestas básicas para os moradores do Dique da Vila Gilda, em Santos. A exibição dos vídeos será no dia 25 de julho, no canal do Blog n’ Roll no YouTube. A transmissão não será monetizada pela plataforma e as doações deverão ser feitas pelo aplicativo PicPay. “Conseguimos uma parceria com o PicPay, que isenta o Juntos Pela Vila Gilda de taxas. Toda a doação será enviada diretamente para a conta do Instituto Arte no Dique”, explica Lucas Krempel, idealizador do evento. O PicPay está disponível para usuários de smartphones Android e iOS. Para fazer a doação é simples: o interessado baixa o app, cadastra o cartão de crédito nele e faz a transferência após a leitura do QR Code que estará nos vídeos do Juntos Pela Vila Gilda. Entre os nomes confirmados estão músicos da região, de outros estados e até internacionais: The Ataris, Supla, Gustavito Amaral, Tuca Mei, André Abujamra, Velhas Virgens, Plebe Rude, The Bombers, Zimbra, Surra, Bula, Gomes do 8, Nuno Mindelis, Tiqueque, Farra dos Brinquedos, Wander Wildner, Badke, Autoramas, Gabi Doti, Claudio Lins, Julies, The Parking Lots, Sandinistas, Rota 54, Dope Times, Evandro Mesquita, Nasi (Ira!), Nekro (Boom Boom Kid), Johnny Monster, Playmoboys, Leo Maier, Filippe Dias, Carla Mariani, Pedro Bara, Alba Santos, Armandinho, Davi Moraes, USREC, Dani Coimbra, Guilherme Schwab, Coruja BC1, Radiola Santa Rosa, Monkey Jhayam, Afrofuturista, Abraskadabra, Alma Djem, Mika, Adonai (Cidade Verde Sounds), Big Mountain, entre outros. Participações especiais Entre as apresentações musicais, personalidades também farão pedidos por contribuições do público. O diretor de cinema Afonso Poyart, os escritores Manoel Herzog, Ademir Demarchi, José Roberto Torero, Marcelo Ariel, entre outros estão confirmados. Fique de olho no Blog n’ Roll. Atualizações diárias do evento serão publicadas aqui.
Entrevista | Supla – “Compor em português e em inglês tirou muito a minha energia”

Antes de iniciar a entrevista, peço desculpas ao Supla por conta dos barulhos da minha rua, afinal, eu moro em uma cidade movimentada. “Fica tranquila, eu tô cozinhando aqui. Bora lá!”, responde o cantor via ligação por celular. Ao longo do nosso diálogo, ouço Supla mexendo nas panelas. Ao mesmo tempo, ele continuava a conversa sem perder a maestria. Suas respostas são solícitas, bem humoradas e firmes. Enquanto anoto suas falas no bloquinho, sinto vontade de perguntar o que ele preparava para o almoço. No entanto, me limito às perguntas já programadas. Fiquei sem saber o prato do dia, mas sem problemas. O champs Papito compartilhou diversas novidades ao Blog n’ Roll. Dentre elas, o seu novo programa no YouTube, que estreia nessa quarta-feira (24). C’mon, kids! Novo álbum Nos últimos meses, Supla compartilhou alguns singles como Fall To The Ground, Delírio Tropical, Embaixo da Unha e Meu Próprio Mundo, lançada no mês passado. “Essas músicas fazem parte do meu novo álbum, não posso falar muito sobre o trabalho. Ele já estava pronto, mas devido ao coronavírus precisou ser interrompido.” Ainda sem nome definido, o próximo álbum do artista contará com diversas participações especiais. Victoria Wells é uma delas, que inclusive fez featuring em Fall To The Ground. Ademais, no ano passado a dupla lançou o projeto S&V. “Tenho músicas no meu novo álbum com ela. Como é um som eletrônico, é um pouco diferente para mim e eu nunca parei com a minha banda”. O artista ainda comenta sobre a dificuldade causada pelo isolamento social. “Com o coronavírus acaba dificultando um pouco também, afinal ela está em Nova York e eu, aqui.” Outra novidade, é que desta vez o álbum não será composto por músicas em português e em inglês, como em Illegal. “Não manterei o formato. Compor em português e em inglês tirou muito a minha energia e também a energia da música. No entanto, foi uma experiência muito boa. Fall To The Ground, por exemplo, será mantida apenas em inglês”. Supla no Youtube Nesta quarta-feira (24), o roqueiro estreará um programa semanal no seu canal do Youtube. Em formato de live, Esses Humanos será composto por entrevistas e claro, muita música! “O interesse surgiu porque muita gente que eu converso não assiste mais TV, apenas conteúdo na internet. Também assisti muitas lives interessantes nessa quarentena, então decidi fazer. Pretendo fazer o programa toda quarta-feira com muitos convidados legais”. E para o lançamento do programa, a primeira convidada será a atriz, diretora e produtora Barbara Paz. “Faz muito tempo que não nos falamos, por isso vai ser bem interessante. Falaremos sobre a vivência artística dela, como o filme Babenco, que foi premiado no Festival Internacional de Cinema de Veneza. Além disso, também falaremos sobre o reality (A Casa dos Artistas, no qual ambos participaram em 2001 e viveram um romance relâmpago)”. Quarentena Supla também comentou sobre o que tem feito para se reinventar nesta quarentena, enquanto artista. “Além do meu novo programa no YouTube e do álbum que será lançado, consegui fazer um videoclipe aqui em casa, da música Meu Próprio Mundo. Esse momento é muito difícil, pois além de cantor, eu sou performer, acima de tudo”. Totalmente produzido durante o isolamento, o videoclipe de Meu Próprio Mundo trouxe um pouco de cor, psicodelia e nostalgia neste período. Juntos Pela Vila Gilda contará com apresentação de Supla Supla estará presente no Juntos Pela Vila Gilda. A ação social de iniciativa do Blog n’ Roll vai reunir mais de 100 artistas no dia 25 julho. Em resumo, as obras irão arrecadar fundos para a compra de cestas básicas para os moradores da comunidade do Dique da Vila Gilda. “Eu não conheço a instituição, mas tudo o que puder fazer para ajudar, farei”. Além disso, ele também comenta sobre a importância de pensarmos no coletivo, sobretudo neste período delicado. “Confio na galera. Nesse momento, temos que esquecer a individualidade e, do jeito que estão as coisas, espero ajudar. Tô aí pra somar”, finaliza.