Na ativa desde 1999, a Fresno completou 20 anos no ano passado. E ainda assim, soa com a jovialidade de quem ainda hoje está na boca da galera mais nova. Isso veio com mais força ainda depois que a banda lançou o álbum Sua Alegria Foi Cancelada em julho de 2019.
Com tudo isso, coisas grandes obviamente estariam no páreo dos gaúchos. Pois bem! O grupo foi escalado para edição de 2020 do Lollapalooza Brasil. O Blog n’ Roll entrevistou o vocalista e guitarrista, Lucas Silveira, abordando o novo trabalho e toda a trajetória da banda até aqui.
Haters, hype e super exposição
Pode-se dizer que a Fresno desfrutou do auge em meados de 2008 e 2009, após abraçar o pop com o álbum Revanche (2008) e ter diversas aparições na MTV Brasil. No entanto, o período não foi resumido em flores para o grupo. É o que aponta o líder e cantor da banda.
Lucas conta que a banda sofreu com super exposição ao decorrer da carreira, tendo de lidar com haters, perseguições e afins. “A gente tocava uma música jovem, sendo adolescente. E tocando aquelas músicas, era algo tão grande, que ficavam comparando com a música popular brasileira com intuito de diminuir a gente”.
Lucas também ressaltou que é a cultura do “hype” é perigosa, já que rende altos e baixos. Para ele, é tão fácil acreditar no lado positivo, que traz a sensação de estrelismo, quanto cair no lado negativo. “Tem gente que acaba virando outra pessoa por causa disso”.
Fresno acreditando no próprio som
O artista frisou que foram o êxito atual da banda é fruto de muito esforço. “Estamos com 20 anos de estrada, lançando disco e ainda tendo relevância”. Para ele, “tudo que está acontecendo agora é fruto da persistência e resistência da banda de se fazer o que realmente acredita, mesmo quando isso não é a escolha mais óbvia ou comercial”.
O vocalista entende que “cada música é uma obra” e que por isso é importante mostrar verdade neste âmbito. Segundo Lucas, “coisas momentâneas fazem com que você possa se arrepender lá na frente”.
“Então é muito importante que você tenha sinceridade nisso. O artista tem que caminhar nessa navalha. Isso é o teu patrimônio, que se der certo, vai te render futuramente. É muito importante dar valor a sua música impedindo que influências externas mudem a sua cabeça”.
Sua Alegria Foi Cancelada
O atual queridinho dos fãs da Fresno e indiezeiros de plantão surgiu a partir das ideias e reflexões do Lucas Silveira – o que é bem comum com os caras. Desta forma, as entrelinhas do novo disco surgiram através da sonoridade obtida no single Natureza Caos, lançado há cerca de dois anos.
“Essa é uma música mais na cara e o disco foi surgindo em torno dela, construindo uma conexão entre as músicas, uma história. Pra mim, o máximo de um artista é um disco. É impossível você mostrar tudo que tu é em uma música só, apontando todas suas referências musicais. No caso, dez músicas ou mais são como se fossem um longa metragem da sua obra, onde você pode tocar em vários pontos necessários”, disse, justificando o porquê da composição das demais canções do álbum.
Participações
Sua Alegria Foi Cancelada conta com dez faixas ao todo, sendo que duas destas contam com participações especiais. A faixa-título tem a ex-participante do The Voice, Jade Baraldo, enquanto Cada Acidente tem parceria com o trio vocal Tuyo.
Lucas destacou que tudo rolou de um jeito bem natural, já que tinham muitos amigos em comum. Para ele, a Tuyo flerta com elementos do trap e do rap. E por isso, ajudou a Fresno na ponte com estes gêneros. Por outro lado, “a Jade tem uma voz muito característica. Hoje é muito difícil encontrar alguém que tenha uma marca registrada desse jeito”.
Ainda há a ideia da Fresno em tentar puxar ambos com seu próprio alcance. “Eles dois são artistas que ainda não estão estabilizados, mas estão crescendo. Então nós podemos servir como um trampolim para eles através do nosso público”.
No âmbito melódico, é possível uma série de elementos no disco. Indie, rock, trap, lo-fi, arrocha, enfim. É bastante coisa. Mas afinal, o que influenciou tudo, majoritariamente?
Lucas explica que, por incrível que pareça, algo antigo ainda bate forte no peito – apesar dos pesares. “A gente começou na cena do hardcore e emocore. Isso marcou muito a minha adolescência. São coisas que ainda permanecem na sonoridade por mais que a nossa música atualmente se aproxime de outros estilos”.
Fresno no Lollapalooza
O cantor é aparentemente fã de carteirinha do festival, tendo ido assistir até uma edição de Chicago do Lolla, em 2001. Lucas conta que o dia foi inesquecível.
“Assisti um show do Foo Fighters na chuva. Também consegui trocar ideia com o Skrillex. Eu acompanhava muito o som dele na época. Então foi muito marcante pra mim. Depois, quando ele veio pra cá, até demos altos rolês juntos”, recordou-se apontando que assistiu todas as edições brasileiras do Lollapalooza, em São Paulo.
Ansioso para tocar por lá, Lucas tem grandes expectativas. “Vai ser um dos maiores shows da nossa história e estamos muito emocionados com isso. Esse Lolla tem muita coisa massa! Eu quero assistir os Strokes, já que eles são uma banda que mudou o paradigma do rock alternativo. Também estou ansioso porque alguns amigos brasileiros vão tocar”, finalizou referindo-se à banda Menores Atos e ao rapper Emicida.
Serviço
O Lolla Double (válido para dois dias do Lolla) está à venda. Todavia, custa a partir de R$ 750,00 (meia-entrada), R$ 850,00 (entrada social) e R$ 1,5 mil (inteira).
O Lolla Day (válido para 1 dia), entretanto, custa a partir de R$ 360,00 (05/04) e R$ 405,00 (03/04 e 04/04).
Entretanto, para quem quiser curtir o festival inteiro, o 4° lote do Lolla Pass (válido para os três dias), custa a partir de R$ 945,00.
Os ingressos estão à venda no site do festival e bilheteria oficial (sem taxa de conveniência — UnimedHall, em São Paulo).