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Entrevista | Fastball – “Minha vida antes desse disco, era uma luta constante para poder viver de música”

Formada em 1992, em Austin, no Texas, a banda Fastball estourou mundialmente no início de 1998 com o hit The Way. A faixa foi o primeiro single do álbum All the Pain Money Can Buy, o segundo de estúdio da banda, que chegou às lojas em março do mesmo ano.

À época, o Fastball contou com o apoio maciço das rádios e MTV, que tocaram o hit praticamente com o repeat ligado. No Brasil, a canção recebeu uma versão em português da LS Jack, que virou tema de novela.

All the Pain Money Can Buy também rendeu outro grande sucesso da banda, Out of My Head, que em 2017 ganhou uma releitura de Machine Gun Kelly e Camila Cabello, intitulada Bad Things.

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Mesmo que o sucesso não tenha se mantido após esse álbum, o Fastball seguiu produzindo desde então. Foram seis discos de estúdio de 2000 para cá. O mais recente é The Deep End, de 2022.

Em entrevista exclusiva ao Blog n’ Roll, o vocalista e guitarrista do Fastball, Miles Zuniga, falou sobre The Way, a releitura de Machine Gun Kelly e Camila Cabello para Bad Things, além de planos futuros. Confira abaixo.

All The Pain Money Can Buy completa 25 anos este ano. O que tornou esse álbum tão especial?

Mudou completamente a minha vida. Minha vida antes desse disco, era uma luta constante para poder viver de música, sempre tive que trabalhar com outras coisas. E quando esse disco fez sucesso, tivemos muitos hits, desde então não tenho que me preocupar muito com dinheiro, como tinha antes. Essa é a grande diferença, esse disco nos deu uma carreira. As pessoas ainda amam.

The Way, Fire Escape, Sooner or Later, Out of My Head ficam na cabeça e soam incríveis até hoje. Tem preferência maior por alguma delas? Por que?

Gosto de The Way pois foi a música que realmente mudou tudo, mas Out of My Head também é uma ótima música. Um pouco antes dela, eu estava infeliz, pensando que não queria mais fazer parte da banda, nada estava acontecendo. Tony tocou Out of My Head, pensei: isso é tão bom, tenho que continuar aqui.

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E qual é o patinho feio desse disco? Aquela canção que as pessoas não falam tanto, mas tem um valor sentimental para você.

Patinho feio vem a se tornar um cisne depois. Tenho as minhas preferidas, não acho que ninguém na banda goste muito de Nowhere Road, não é minha preferida. Gosto bastante de todas as outras músicas.

Nós também fizemos outros álbuns depois, com músicas que provavelmente são melhores de alguma maneira, mas aquele era o álbum certo, na hora certa, na circunstância certa. Nós estávamos em uma gravadora que era da Disney, então tínhamos muito dinheiro para promover o disco.

Não é só porque a música não se tornou um sucesso que não seja uma música, existem muitas músicas boas que por algum motivo não são sucesso. E não faz sentido fazer música apenas pelo sucesso, não se trata disso.

A conexão das pessoas com a música acontece, não se sabe o motivo. Eu tento manter isso sob a perspectiva de que você não pode tentar fazer música para os outros, é impossível, não faz sentido. Eu não sei do que você gosta, ou qualquer outra pessoa gosta, só sei do que eu gosto. É o único jeito de se fazer, ser verdadeiro e fazer com o que quer que esteja no seu coração.

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Out of My Head ganhou uma repaginada com Camila Cabello e Machine Gun Kelly. O que você achou?

Adorei, foi outro sucesso. Como mencionei, é uma ótima música. Basicamente, parecia que tínhamos mais um sucesso. Foi animador. E achei que eles fizeram algumas coisas legais com ela. Gosto de algumas das outras linhas de melodia que escreveram em torno dela e tudo mais. Então, achei ótimo.

Me sinto orgulhoso que a música resistiu ao teste do tempo, é uma música muito boa. E toda geração parece gostar, fico feliz que não é uma música que segue a tendência, que fica ligada a uma certa época. Teve uma época nos anos 1990 que todos tinham um DJ no disco, fazendo scratch, mas nunca fizemos isso.

Financeiramente também foi interessante?

Essa foi a melhor parte, na verdade, fizemos muito dinheiro sem fazer nada. Antes fazíamos uma música de sucesso e tínhamos que viajar o mundo todo. Era divertido no primeiro momento, mas depois de oito ou nove meses, fica cansativo ir toda manhã para um lugar novo, um novo aeroporto, viajar por horas, te deixa exausto. Mas era o necessário. Então foi ótimo ter uma música de sucesso e não ter que fazer nada.

Torce para outras canções do Fastball serem redescobertas por esses artistas?

Gostaria que todos começassem a fazer covers de nossas músicas, usando elas assim. Por favor, entrem, temos um catálogo com bastante material. Seria ótimo.

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O Fastball pensa em lançar uma edição comemorativa dos 25 anos do All The Pain Money Can Buy

Não acredito que tenhamos nada que não tenha sido lançado. E também somos muito ruins em tirar vantagem dos momentos. É aniversário de 25 anos do disco e acho que nem fizemos um pôster.

Mas nós lançamos o disco novamente em vinil no aniversário de 20 anos, então já celebramos ele, acho bobo ficar celebrando permanentemente.

O aniversário de 30 anos da banda está vindo, então ano que vem será um grande ano para nós. Terá shows e um novo disco lançado, estamos animados.

Apesar de falarmos muito sobre esse álbum, o Fastball segue muito ativo. O álbum mais recente, The Deep End, saiu ano passado. O que mudou de 1998 para cá?

É um mundo completamente diferente. Antes você tinha um disco, uma gravadora, e torcia para que quando lançasse o disco, eles promovessem ele. O que normalmente acontecia era o disco ser lançado, e se tivesse uma música de sucesso, como nós tivemos, eles impulsionariam. Te dão muita atenção, muito dinheiro, eles fazem você estar na MTV todo dia, no Brasil, Japão, Austrália, todo lugar do mundo.

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Mas se lançar uma música que não faz sucesso, você fica invisível, é como se não tivesse lançado nada. E não tem como as pessoas consumirem pois não está disponível, poderia ser um grande fã de Fastball no Brasil e não encontraria o disco nas lojas.

Essa é uma grande diferença, hoje você consegue lançar você mesmo seu disco, nós temos agora nossa própria gravadora, os últimos discos lançamos nós mesmos.

Colocamos lá e vocês no Brasil podem ouvir sem nem se perguntar se está disponível nas lojas. E se nos seguem nas redes sociais, podemos falar diretamente com vocês e dizer o que estamos fazendo. Essa é a grande diferença, se pode ir diretamente às pessoas que têm interesse na sua banda. Antes não era possível isso, era tudo ou nada.

Mas você concorda com a forma de remuneração das plataformas de streaming?

Acho que as empresas como Spotify, Apple e YouTube deveriam pagar mais aos músicos, mas uma coisa boa é que se pode encontrar todas as músicas lá. Do jeito que era, não era possível encontrar as músicas, eles talvez tinham o disco que vendia bem, era o único que tinha. Gostaria que se pudesse ganhar mais dinheiro com o streaming, mas é bom que todas as músicas estejam lá.

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E o algoritmo não apresentar o trabalho de vocês para quem não conhece a banda? Acredita que isso pode ser melhorado também?

Estou ciente disso, se você gosta de uma banda, pode ir até o Spotify e ver todas as músicas, você tem que ir até lá. É muito competitivo, a diferença é que antes só se ouvia certos artistas pois eles tinham um acordo comercial.

De todas as bandas, só tinha uma pequena porcentagem que tinha uma gravadora e conseguia fazer esse trabalho. Hoje você pode fazer um disco em um dia no seu notebook, alguns dias depois está em todo lugar. O difícil é fazer as pessoas saberem que está lá.

Qual é a melhor estratégia para buscar esse público?

Você tem que continuar fazendo o que você faz. Fazendo música, shows, na esperança de conseguir construir um público grande. Você não precisa de um público grande, na verdade, apenas gente suficientemente engajada. Um grupo pequeno, onde todos compram as suas coisas, se tiver 10 mil consumidores fiéis, e cada um gasta US$ 100 dólares, é US$ 1 milhão de dólares.

É disso que se trata, você, provavelmente, não ficará rico, mas se ficar rico é seu objetivo, melhor trabalhar com outra coisa. Vai ser banqueiro, trabalhar no mercado imobiliário, estudar finanças, tem dinheiro nesses lugares, não precisa trabalhar tão duro. Mas se quer se divertir e alimentar seu espírito, viva como um artista. Provavelmente não será rico, mas viverá uma vida muito mais divertida.

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A América do Sul já esteve ou está nos planos do Fastball?

Já estive no Peru, mas nunca no Brasil, adoraria ir. Na Argentina também. Temos muitos fãs no Brasil e na Argentina, mas muito distribuídos. Talvez se juntássemos todos os nossos fãs poderíamos ir, mas seria um longo percurso para tocar em apenas um show.

Eu faria se alguém nos levasse ao Brasil, faria de graça, desde que não precisasse gastar do meu dinheiro. Não preciso de muito dinheiro, só quero conhecer o Brasil, conhecer outros lugares, sonho em ir aí.

Cite três álbuns que mais te marcaram na formação como músico.

Let It Be, do the Beatles, Mingus Ah Um, do Charles Mingus, talvez After The Gold Rush, do Neil Young. Falando assim de cabeça.

O disco dos Beatles é importante pois tinha uns 12 anos, tocava muito Disco no rádio, Bee Gees e tal, e eu não gostava muito, ouvia Kiss o tempo todo. E minha mãe me deu o Let It Be.. (começa a cantar Two Of Us), isso realmente me pegou, as harmonias tão lindas, as coisas que cantavam eram tão interessantes para mim, mesmo com 12 anos, me fez querer estar em uma banda.

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