O que você está procurando?

Geral

Afinal de contas, o que é surf music?

Imagem destacada: The Dead Rocks, os representantes do surf clássico no Brasil

Para a estreia desta coluna no Blog’n’Roll, nada melhor do que tentar definir o que é surf music, assunto que vamos cobrir por aqui.

Continua depois da publicidade

A surf music surgiu na Califórnia no início dos anos 1960. Duas gravações são consideradas os primeiros registros do estilo: Let’s Go Trippin, de Dick Dale & His Del Tones, e Mr. Moto, de The Belairs. O estilo é primariamente instrumental, com a guitarra como instrumento principal e toneladas de reverb. A formação básica é guitarra, baixo e bateria, mas não é incomum encontrar bandas com piano, teclado, metais e percussão. As músicas são mais baseadas em melodias do que em riffs, geralmente batizadas com nomes de praias, manobras ou gírias dos surfistas.

Dick Dale and his Del-Tones – King of the Surf Guitar (1963)

A surf music é considerada uma das primeiras subdivisões do rock que pode ser associada à uma subcultura específica. Desde o final dos anos 1950, surfar é uma das atividades básicas de quem vive no litoral da Califórnia. Depois da praia, os surfistas frequentavam bailes que tinham como bandas residentes nomes como The Belairs, Dick Dale and His Del Tones, The Challengers, The Surfaris e The Lively Ones, começando, assim, a curtir os sons instrumentais. Não era nada de muito complexo ou virtuoso; simplesmente bases melódicas e dançantes para animar a noite. Alguns surfistas até tinham bandas, alguns músicos até surfavam, mas não era a regra.

Outro fator que influenciou muito o estilo e que se deve à localização geográfica é o uso maciço do reverb e dos equipamentos da Fender, cuja sede ficava em Santa Ana, cidade da região de Los Angeles. Dick Dale era o “piloto de testes” da Fender e foi a partir desses experimentos que surgiu o Fender Dual Showman e o Fender Reverb.

Anúncio da Fender Jaguar (1965)

A primeira gravação com o Fender Reverb foi Miserlou, de Dick Dale (também conhecida como “aquela do Pulp Fiction“). Já The Belairs separaram a banda porque Paul Johnson e Ed Bertrand não conseguiram chegar a um acordo sobre usar ou não reverb. Paul Johnson seguiu com outros projetos como PJ and Artie, PJ and the Galaxies e muitas outras, enquanto Ed Bertrand montou Eddie and the Showmen. Bandas de surf pipocaram de San Diego a San Francisco, mas a meca era mesmo ali, na região de Orange County e South Bay. O Rendevouz Ballroom era a principal casa de shows frequentada pelos surfistas e a “casa” de Dick Dale.

Claro que já existia rock instrumental na época. The Ventures,  do estado de Washington, Duane Eddy, do Arizona, Link Wray, da Carolina do Norte, e The Shadows, da Inglaterra, são alguns dos músicos constantemente associados ao estilo, mas que não estavam realmente ligados à cena e ao momento histórico. Não que não tenham surfado essas ondas em algum momento, mas se levarmos em conta que os Ventures gravaram um disco sobre batatas, é óbvio que também fariam um disco de surf music.

A primeira onda teve vida curta. Na metade dos anos 1960, a British Invasion, a Guerra do Vietnã e o movimento hippie acabaram com a onda do rock inocente e descompromissado que existia ali. No fim dos anos 1970, com o resgate de rocks mais simples feitos pelo punk, surge a chamada segunda onda, com bandas como Jon & the Nightriders, The Surf Raides e Insect Surfers. A cena continuou existindo e, nos anos 1990, com o revival do garage, ganhou nova força, elevada à enésima potência pela trilha sonora de Pulp Fiction – assunto para as próximas semanas.

E no Brasil?

Continua depois da publicidade

The Mullet Monster Mafia no Surfer Joe Summer Festival – Itália – 2016

Desde os anos 1950 já existiam bandas de rock instrumental no Brasil. Nomes como The Jordans, The Jet-Blacks e The Clevers (que depois se tornaram Os Incríveis) lançaram vários sucessos e até fizeram turnês internacionais. Muitos dos discos seminais da surf music foram lançados por aqui na época, influenciando o repertório das bandas nacionais com clássicos como Pipeline, Wipeout e Miserlou.

Dos anos 1990 pra cá, surgiram várias bandas pegando a terceira onda da surf music, algumas influenciadas por bandas como Satan’s Pilgrims e Man or Astro-man?, e outras já na esteira da trilha sonora de Pulp Fiction. Hoje a cena brasileira é reconhecida pelo mundo como uma das mais criativas. Do  surf clássico classudo de The Dead Rocks ao surf satânico universitário do The Mullet Monster Mafia, passando pelo surf latino dos Gasolines, não vai faltar assunto para o Surf Report, toda terça-feira, aqui no Blog’n’Roll.

COLUNAS

Advertisement

Posts relacionados

História do Rock Santista

Principal representante da surf music santista, o grupo Mad Haoles lançou o segundo álbum de estúdio, Surfers Paradise. São 13 faixas autorais, entre instrumentais...

Agenda

A banda santista de surf music Mad Haoles se apresenta nesta quinta-feira (22), na Comedoria do Sesc Santos. A casa abre às 20h e...

BR

Agradecendo a vida, as oportunidades e valorizando seus percalços, o cantor e compositor Dom Vinera, aspirante à aposta do surf music nacional, lançou o...

Geral

O power trio feminino Time Bomb Girls, formado por Camila Lacerda (bateria e voz), Déia Marinho (baixo e voz) e Sayuri Yamamoto (guitarra, gaita...

Publicidade

Copyright © 2024 - Todos os direitos reservados

Desenvolvimento: Fika Projetos