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Entrevista | Evandro Mesquita (Blitz) – “O rock não têm prazo de validade”

Evandro Mesquita nunca imaginou que sua música poderia levá-lo tão longe, a milhas e milhas distante de sua terra natal. Foi em 2011, ano do tsunami no Japão, que o cantor pisou em Tóquio pela primeira vez, para participar do evento Brazilian Day, onde tocou Dois Passos do Paraíso, um dos hits da sua banda, Blitz.

Há registros da apresentação no Youtube, onde se vê uma plateia formada por japoneses e brasileiros entoando juntos a canção.

Em entrevista ao Blog n’ Roll, Evandro lembrou daquela ocasião: “Na madrugada antes do show, acordei e me dei conta de que estava do outro lado do mundo, para tocar uma música feita numa varanda de Olinda que continuava emocionando as pessoas. Escrevi uma carta e chamei uma intérprete para traduzi-la para a plateia. Teve gente chorando no final”.

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Agora é a vez de Santos relembrar os hits que nunca mais descolaram da memória de quem conheceu a Blitz nos anos 1980. A banda toca na Cidade amanhã, a partir das 22 horas, na Capital Disco, trazendo também músicas do álbum de inéditas Aventuras II (Deck Disc) – lançado em novembro de 2016 e inspirado na sonoridade do primeiro disco, Aventuras da Blitz, de 1982, que trouxe futuros sucessos como Você Não Soube Me Amar e Mais Uma de Amor (Geme Geme).

Ao lado de Evandro, outros membros remanescentes da formação original que continuam na banda são Billy (teclados) e Juba (bateria). Os demais integrantes são Rogério Meanda (guitarra), Cláudia Niemeyer (baixo) e as backing vocals Andréa Coutinho e Nicole Cyrne.

Evandro retomou os trabalhos com a Blitz há dez anos. Desde então, está na estrada, no estúdio próprio (o Toca da Onça), que fica em sua casa, no bairro Itanhangá, zona oeste do Rio, ou se revezando com o trabalho de ator de tevê, teatro e cinema e diretor.

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Entre os papéis que viveu na tevê, destaca-se o do mecânico Paulão da Regulagem, da série televisiva A Grande Família (que foi de 1996 a 2014).

É por esse personagem cômico que Evandro é, muitas vezes, reconhecido nas ruas e nos aeroportos, mas isso não parece incomodá-lo. “Tenho muito carinho pelo personagem e pela série”, diz ele, que não tem nenhum projeto para tevê em vista. “Mas estou participando de um documentário sobre a Blitz, para o pessoal da produtora Viralata”.

Coisas sérias com humor
É com o mesmo carinho que o cantor encara o trabalho com a Blitz, que ele declara, sem modéstia, uma das mais importantes dos anos 80.

“Contribuímos para a cultura contemporânea do Brasil, junto com outras bandas de rock da época”, declarou, referindo-se a grupos como Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e Legião Urbana, entre outros.

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Mas Evandro não acha que a Blitz parou no tempo. “O rock e a música de qualidade não têm prazo de validade. Os Rolling Stones vêm aqui e tocam clássicos como Satisfaction e o público delira. A gente sente a mesma coisa ao tocar e ver todo mundo cantando junto, gente nova e gente mais velha”.

Ao comentar o momento atual da banda, ele diz sentir a mesma coisa de quando estourou com o compacto Você Não Soube Me Amar, que vendeu mais de 100 mil cópias em 1982:

“Quase nada do que toca hoje em dia tem a ver com a gente. A Blitz mantém-se fiel a sua alma, que é falar de coisas sérias com humor, são crônicas cotidianas. O que mudou, hoje, é que não precisamos mais de gravadoras”, opina.

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Egresso da trupe teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, Evandro lembra que a Blitz chamou atenção pela originalidade do som (misturando o pop ao rock, reggae e new wave), pelo bom humor das letras e pela performance teatral nos shows. Na música Você Não Soube Me Amar, por exemplo, o cantor fala em alguns trechos da música – “inspirado no samba de breque de Moreira da Silva”, diz ele – e interage com as backing vocals (na época, Fernanda Abreu, que segue em longeva e bem-sucedida carreira solo, e Márcia Bulcão).

Depois do compacto e do primeiro álbum, Aventuras da Blitz, a banda lançou o LP Blitz 3, em 1984, e abriu o Rock in Rio I, em 1985, tocando para mais de 50 mil pessoas. Por causa da pressão da fama e das gravadoras, encerrou atividades logo depois, se reunindo eventualmente para shows ou eventos.

Evandro até tentou seguir em carreira solo, mas se sentiu muito só. “Eu sempre fui um cara coletivo, de time de futebol, de grupo de teatro. Eu sentia falta de interagir com meus parceiros”, disse.

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Dedicado ao Pelé
Após a retomada, em 2007, Evandro decidiu trabalhar sem pressa. “Ficamos dois anos e meio trabalhando no novo álbum (Aventuras II), no meu estúdio. Nos seis meses finais, convidamos outros artistas para participar do disco, como Zeca Pagodinho, Seu Jorge, Alice Caymmi, Sandra de Sá, gente que encontrávamos na estrada, nos aeroportos. Todos demonstraram um carinho tão grande pela Blitz que nos deixaram até emocionados”, conta.

Ele também não se esquece do carinho da plateia da Baixada Santista, num show que fez na praia (não se lembra qual), ainda na década de 1980. “Foi uma multidão. Tinha gente desmaiando”.

Ele aproveita a entrevista para avisar que dedica o show na Cidade, amanhã, a Pelé. “No nosso último disco, gravamos uma música chamada Nunca Joguei com Pelé, em homenagem a ele”

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Serviço – Av. Gal. Francisco Glicério, 206, Gonzaga. Ingressos a R$ 100,00, 30% de desconto para assinante A Tribuna mais um acompanhante. Tel. 4062-0177

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