The Cure vai do culto à festa de hits em show histórico em São Paulo

Foram necessários dez anos até o The Cure retornar ao Brasil. A quarta passagem de uma das bandas mais importantes da história do rock britânico pelo país foi no encerramento do Primavera Sound, no domingo (3), em São Paulo. Durante 2h30, Robert Smith comandou uma apresentação mesclada de culto e festa com os hits. Songs of a lost world, álbum anunciado em 2019, teve três faixas tocadas pela banda, inclusive Alone, que abriu o show. Enquanto a banda apresentava o instrumental, Smith caminhou de ponta a ponta para contemplar o público. Pictures of You, presente no clássico Disintegration (1989), disco mais lembrado pela banda no show, veio logo na sequência. Aqui já era possível ver muitos fãs chorando na frente do palco. Passeando por álbuns clássicos como Wish, The Head on the Door e Disintegration, o The Cure promoveu uma verdadeira viagem no tempo. Impossível não recordar de lembranças afetivas ouvindo essas canções. In Between Days e Just Like Heaven, em sequência, renderam os primeiros sing along mais fortes do público. Ao término de cada canção, Smith com sua cabeleira desgrenhada era saudado pelos fãs aos gritos de “Robertinho”. Sem entender, o músico perguntou o que os fãs estavam gritando, recebendo como resposta a tradução para “Little Robert”. Endsong, a terceira e última do álbum inédito do The Cure, fechou a primeira parte do show. O intervalo foi bem curto. Na plateia, os mais novos gritavam por mais, enquanto os mais velhos apenas choravam e demonstravam a alegria de estar próximo dos ídolos. É preciso destacar que muitos ali eram crianças na última vez que o grupo veio ao Brasil, em 2013. Outros estavam ali pela quarta vez, após as apresentações de 1987 e 1996, quando tocou no Hollywood Rock. O primeiro bis veio com mais cinco canções: It Can Never Be the Same, Want, Charlotte Sometimes, Plainsong e Disintegration. Mas a comoção maior veio na sequência, com o segundo bis. Aqui, o clima sombrio com trilha gótica deu espaço para os maiores hits do The Cure. Lullaby, Friday I’m in Love, Close to Me e Boys Don’t Cry vieram quase em sequência. Da contemplação para a euforia. O clima de culto gótico deu espaço para uma festa insana na pista. Em 2h30, Robert Smith SetlistAlonePictures of YouHighA Night Like ThisLovesongAnd Nothing Is ForeverBurnFascination StreetPushIn Between DaysJust Like HeavenAt NightPlay for TodayA ForestShake Dog ShakeFrom the Edge of the Deep Green SeaEndsong Bis 1It Can Never Be the SameWantCharlotte SometimesPlainsongDisintegration Bis 2LullabyHot Hot Hot!!!The WalkFriday I’m in LoveClose to MeWhy Can’t I Be You?Boys Don’t Cry

Pet Shop Boys comanda sing along no Primavera Sound

Pet Shop Boys

Referência monstra do synth-pop e ícone grandioso da comunidade LGBTQIAPN+, o duo Pet Shop Boys mostrou que ainda tem muita lenha para queimar. Mais de 40 anos depois do início da carreira, Neil Tennant e Chris Lowe possuem um repertório riquíssimo de hits. E não desperdiça nenhum. No encerramento do palco secundário do Primavera Sound, na primeira noite da edição 2023, souberam equilibrar bem o passeio discográfico. Suburbia abriu o show e ali já era possível ver que o Pet Shop Boys dominaria o público do início ao fim. Logo no começo, Neil e Chris ainda fizeram um medley de Where the Streets Have No Name e I Can’t Take My Eyes Off You, do U2 e Elvis Presley, respectivamente. You Were Always on My Mind encontrou eco, inclusive, no palco principal, onde os fãs buscavam uma melhor posição para o show do The Killers, principal headliner da noite. Com o jogo ganho, foi hora de buscar os sing along mais fortes do dia até então, com Go West (Village People), It’s a Sin e West End Girls. Quem perdeu o Pet Shop Boys no Primavera, tem mais uma chance. O duo se apresenta na segunda-feira (4), na Audio, em São Paulo. Ainda há ingressos. Setlist   Suburbia Can You Forgive Her? Opportunities (Let’s Make Lots of Money) Where the Streets Have No Name (I Can’t Take My Eyes Off You) Rent I Don’t Know What You Want but I Can’t Give It Any More So Hard Left to My Own Devices Domino Dancing Love Comes Quickly Paninaro You Were Always on My Mind (Gwen McCrae cover) Dreamland Heart It’s Alright (Sterling Void cover) Vocal Go West (Village People cover) It’s a Sin Bis: West End Girls Being Boring

Black Midi justifica hype com show animado no Primavera Sound

Black Midi

No começo da tarde, debaixo de forte sol, os ingleses do Black Midi justificaram o grande hype em cima deles. No Palco Corona, o principal do Primavera Sound 2023, mostrou desenvoltura e brindou o público com um belo apanhado dos três álbuns da carreira. Difícil categorizar o som da banda. Tem muitos elementos por ali. Do experimental ao punk, do math rock ao blues, do progressivo ao art rock. O mais importante é que eles transitam muito bem entre esses subgêneros do rock. A banda também tem senso de humor de sobra. Se na quarta-feira, no Cine Joia, entrou ao som de Anunciação, de Alceu Valença, em Interlagos optaram por Bonde do Tigrão. O guitarrista Matt Kelvin entrou com uma camisa do Corinthians, com o nome de Ronaldo. Foi o suficiente para arrancar alguns gritos de “Vai Corinthians” da plateia. Já o baterista Morgan Simpson entrou com uma camiseta regata do Brasil, mas logo tirou em função do forte calor. Aliás, Morgan é um show à parte. Fuma o tempo todo, faz solos de bateria no meio das músicas e consegue orquestrar a banda sentadinho do banquinho dele. Welcome to Hell, John L e Western, com seus oito minutos de duração, foram alguns dos principais destaques do repertório.  O Black Midi é Geordie Greep (voz e guitarra), Matt Kelvin (voz e guitarra), Cameron Picton (voz, baixo e sintetizadores) e Morgan Simpson (bateria).

black midi comprova a importância dos side shows de festivais em SP

Texto por Thiago Menezes Sempre que um grande festival, como o Primavera Sound – que acontece em São Paulo, neste sábado (2) e domingo (3) – é anunciado, muitos se atentam majoritariamente para os consagrados nomes do line up. Bandas como The Cure e The Killers, figuras bem conhecidas no mundo da música, acabam atraindo grande parte do público desses eventos. Porém, curiosos e inquietos, que sempre procuram algum frescor, olham atentos para as letras menores da lista de atrações, que (injustamente) apresentam bandas menos populares por aqui. Aproveitando esses nomes mais emergentes, que já chamam atenção no exterior e dos mais entusiastas de novidades musicais, o Primavera Sound promove o Primavera na Cidade. Pequenos shows, em casas de shows charmosas da cidade de São Paulo, que antecipam os dias do festival com bandas que comovem uma cena mais “underground” da música. Foi assim que o Cine Joia recebeu, na última quarta-feira (29), um público curioso, mas preparado, para conhecer o black midi. Formada em 2017 e já com três álbuns de estúdio, a banda inglesa tem chamado certa atenção pela amálgama de estilos e influências em seu som. Assim que entram no palco, sem muito firula, portando apenas os instrumentos clássicos de uma banda rock n’ roll (guitarras, baixo e bateria), eles deixam claro como é o mecanismo do grupo. Puxado pelas guitarras de Cameron Picton e Geordie Greep, é na primeira porrada na caixa da bateria de Morgan Simpson que a banda mostra toda sua força, na canção 953. A furiosa introdução, mostrando influências do rock clássico ao metal, logo dá espaço para a graça e a calmaria dos vocais de Greep. Nesse momento, você logo percebe novas influências sonoras, que fazem com seus ouvidos precisem de um tempo para assimilar e aceitar que ali está uma banda que gosta e procura misturar todas as suas influências em um só som. É possível notar influências do jazz ao blues, passando pela hipnose dos sons mais intimistas do Radiohead, do rock contemporâneo do Arctic Monkeys e do Kings of Leon e das bandas de post-rock. Talvez, o público presente que já conhecia a banda e seus álbuns (com toques de saxofone e instrumentos incomuns para uma banda de rock pesado), não tenha se surpreendido com isso, e até tenha ido ao show justamente para presenciar tais performances. A plateia acompanhou a mistura sonora do black midi intercalando momentos de contemplação, quando o Greep e a banda levavam o som para áreas mais jazzisticas, e rodas punk respeitosas que eram provocadas pela eclosão do som do grupo. Entre as belas melodias, como em Magician, puxadas por Greep na guitarra, mas acompanhadas por sua cantoria influenciada por Tom Waits e Nick Cave, o baixista Seth Evans intercalava sua posição com um teclado, para preencher as leves melodias e/ou o som pesado que a banda trafega com muita competência e naturalidade. Simpson, por sua vez, é um maestro na bateria, que trocava olhares constantemente com a banda para poder conduzir a alternância entre o belo e o selvagem de suas músicas. O futuro do rock, da música, e dos festivais é promissor enquanto houverem novidades como o black midi. Fiquem atentos aos pequenos nomes nas lista de lineups. Que dure e volte muitas vezes.

Veja os pedidos de camarim de Paul McCartney no Brasil

Paul McCartney é um artista que segue muito suas tradições e hábitos. Desde 2010, sua lista de pedidos para backstage é considerada tranquila e sem mudanças. Esse ano, ele reforçou o pedido para que nenhum dos móveis seja de couro animal ou de qualquer tecido ou estampa que imite pele animal. O mobiliário deve ter tons neutros, mas não devem ser brancos. Quer também plantas verdes “cheias” e para as flores, gérberas coloridas. Paul viaja com seu chef e a cada cidade é contratado um chef local, especializado em comida vegetariana, para suporte, além de um especialista local para fazer as compras de alimentos frescos. Claro – não podemos esquecer as 25 toalhas de mão na cor preta. Paul McCartney no Brasil O público brasileiro está contando os dias para receber a nova turnê de Paul McCartney, Got Back!, que terá oito shows entre os meses de novembro e dezembro, passando por cinco cidades. O último show no país, dia 16 de dezembro, será exatamente no solo sagrado onde o eterno Beatle começou sua história de amor com o país – no estádio do Maracanã. Ainda existem ingressos para os shows de Belo Horizonte (4/12) e Brasília (30/11). Todas as outras apresentações estão com ingressos esgotados. A Got Back Tour é uma realização da Bonus Track em parceria com a 30E, e é apresentada no Brasil pelo Banco BRB. Confira as datas da Got Back Tour Brasil 2023 30/11 – Brasília, DF – Arena BRB Mané Garrincha – últimos ingressos 03/12 – Belo Horizonte, MG – Arena MRV – ESGOTADO 04/12 – Belo Horizonte, MG – Arena MRV – últimos ingressos 07/12 – São Paulo, SP – Allianz Parque – ESGOTADO 09/12 – São Paulo, SP – Allianz Parque – ESGOTADO 10/12 – São Paulo, SP – Allianz Parque – ESGOTADO 13/12 – Curitiba, PR – Estádio Couto Pereira – ESGOTADO 16/12 – Rio de Janeiro, RJ – Maracanã – ESGOTADO

Hardcore Superstar supera problemas técnicos e entrega show de alto nível

Formada em 1997, em Gotemburgo, na Suécia, a banda Hardcore Superstar, enfim, fez a sua estreia em palcos brasileiros, após cancelamentos e adiamentos consecutivos. Foram três shows em três dias seguidos: Belo Horizonte, Curitiba e São Paulo. Na capital paulista, no sábado (18), o local escolhido foi o Carioca Club, que teve como abertura duas bandas brasileiras muito competentes, que ajudaram a elevar o nível do evento. Inluzt e Nite Stinger fizeram sets seguros e mostraram a força do hard rock brasileiro, mesmo com a casa ainda com pouco público, muito por conta do calor e do horário. Pontualmente às 19h30, os suecos subiram no palco e já vieram atacando com o seu mais recente single Abradakabra, que dá nome ao álbum lançado em 2022, que de pronto já foi muito bem recebida. Tudo corria muito bem, quando no final da terceira música, por algum problema técnico, o som do palco parou de funcionar. Ninguém entendeu nada do que acontecia e a banda parou de tocar. O vocalista Jocke Berg foi até o público e pediu silêncio para que ele pudesse ser ouvido, já que os microfones não estavam funcionando. Pediu desculpas e disse que o show retornaria assim que o problema fosse resolvido. Nesse meio tempo, os integrantes distribuíram água e cerveja para o público, em um gesto pacifico e apaziguador. Aproximadamente 15 minutos depois, o problema foi resolvido e a banda emendou uma sequência eletrizante de hits, com a barra de energia no máximo. Wild Boys, My Good Reputation e Liberation, do segundo álbum, Bad Sneakers and a Piña Colada, de 2000, fizeram o Carioca Club ferver de uma maneira impressionante. Na sequência, um momento mais intimista com uma versão guitarra e voz de Standin’ on the Verge e uma de Someone Special. A banda seguiu seu set com muita presença de palco e desfilando simpatia. Foi bonito ver a banda tão feliz quanto seus fãs, emendando um som atrás do outro até a chegada de Last Call for Alcohol, onde o vocalista distribuiu copos de bebida para diversos fãs que estavam mais próximos ao palco. No bis atacaram de We Don’t Celebrate Sundays, música que foi cantada por praticamente todo o público presente. O encerramento foi com outra porrada, You Can’t Kill My Rock n’ Roll. O que mais impressiona no show do Hardcore Superstar é como a banda soa muito mais coesa ao vivo do que nos seus últimos discos, fazendo uso apenas de uma guitarra, baixo e bateria. Detalhe importante foi que o baterista da banda não conseguiu vir para a turnê sul-americana e foi substituído pelo produtor do último disco dos caras, Johan Reiven. Um show muito divertido de uma banda que entregou tudo (e mais um pouco) do que se esperava e, nitidamente, aproveitou cada segundo da apresentação, para fidelizar ainda mais os seus fãs. Antes de ir embora, Jocke Berg voltou ao palco e distribuiu doses do seu uísque Jameson para todos os fãs, agradecendo mais uma vez pela noite.

The Aggrolites comanda noitada com dream team do ska nacional em SP

Feriado de 15 de novembro, temperaturas altíssimas beirando os 40 graus e o extremamente agradável Fabrique Clube, localizado na Barra Funda (região central de São Paulo), recebeu uma noite memorável de ska. A banda californiana The Aggrolites foi a atração principal. Abrindo a programação, o septeto Maga Rude, banda formada apenas por mulheres, executou um som competentíssimo, baseado na primeira onda jamaicana de ska. O som estava perfeito e o repertório escolhido com muito bom gosto, fez a alegria de quem chegou cedo. A promissora banda paulistana encerrou seu set executando You’re wondering now (composição de Clement Seymour “Coxsone” Dodd, regravada por diversos artistas como The Specials e Amy Winehouse) com muita autoridade. Quinze minutos para pegar fôlego, muita coisa boa rolando na excelente discotecagem do Thiago DJ, mas logo sobe ao palco o Marzela, os rude boys do ABC. Rocksteady e Ska, mesclados com maestria com aquele tempero punk rock, que eles fazem tão bem há quase dez anos. A Marzela convocou todo o público para dançar e não desistiu, até fazer todos os presentes chacoalharem seus esqueletos. Para isso atacaram com canções como Rude Girl, faixas do seu último EP, B-Side of Madness, além de clássicos como Police on my Back (The Equals) e Gangster (The Specials). Posteriormente veio a banda Explêndidos, direto de Belo Horizonte, com bastante brasilidade na sua fusão com ritmos jamaicanos e encontrando uma casa quase cheia. Fizeram bonito e mostraram bastante originalidade e energia. Destaque para as faixas Entre o Céu e o Inferno, Top Top (Os Mutantes) e a linda homenagem ao Clube da Esquina, com uma ótima versão de Paula e Bebeto (Milton Nascimento). Logo depois subiu ao palco a veterana Sapo Banjo. Com formação reformulada, a banda na ativa desde 1996 esbanjou competência, balanço e energia além do esperado. Conhecidos por seus shows cheios de animação, a banda agora conta com a extremamente carismática vocalista Natalia Zanellato. Destaque para a execução de Amor na Cidade, primeira faixa gravada com a nova formação. Já se passavam mais de três horas e meia de baile, mas ninguém parecia cansado, quando subiram ao palco os californianos do The Aggrolites. A banda chegou atacando de Funky Fire, ninguém mais conseguia ficar parado a partir daí. O Fabrique, que estava lotado, virou uma grande pista de dança para ninguém botar defeito. O Aggrolites não economizou nos hits, despejando pedradas como Countryman Fiddle, Free Time, Banana (The Pyramids), Don’t let me Down (The Beatles), aqui com participação de Supla. Essas e tantas outras canções serviram para compensar os fãs por mais de uma década de ausência em terras brasileiras. Destaque para o simpático baixista Jeff Roffredo, que se esforçou para conversar com o público em português durante toda a apresentação. Com um line up irrepreensível, performances de ótima qualidade e uma organização segura e profissional, esse provavelmente foi o melhor evento de ska de 2023.