Entrevista | Ugo Castro Alves – “É isso que a gente pode fazer como artista”

Ugo Castro Alves é cantor, produtor e multi-instrumentista. Seu primeiro disco autoral é Sonho de Voar, o qual rendeu um convite para o Festival Internacional de Jazz de Perth, na Austrália. O segundo é Ziguezaguiá, mas ele já está na produção de mais um. Como resultado de sua atuação em diversas áreas, o cantor diz que todo o trabalho que contém empenho sempre traz alegrias e como qualquer profissão passa por momentos bons, fáceis e também difíceis. “Eu adoro tocar, adoro tá no palco, adoro compor, é muito gratificante. Mas a produção é um caminho que enxerguei desde que comecei a tocar, entender que se não soubesse me produzir, a minha música não chegaria nas pessoas”. O artista completa: “Diria que gosto mesmo de atuar no que é fazer música. Acho que hoje em dia, cada vez mais o artista tem que entender que fazer música envolve sim você dominar as ferramentas de produção. Você tem que saber produzir, mexer nas ferramentas e essa é minha busca, é isso que tento levar pra frente”. Respirando cultura Para Ugo Castro Alves, a cultura é a identidade de um povo, uma identidade nacional muito ampla desde o vestir, comer, se expressar. Em resumo, o artista define que a cultura brasileira é efervescente, multi e plural. “A gente não pode perder essa identidade. Pela rádio, pelo capitalismo, é tentar manter viva a nossa riqueza. Cultura é tudo, é a vida, não tem como separar. A gente acorda e ouve uma música, escolhe uma roupa, a gente fala de um jeito, né? O santista fala de um jeito que é cultural nosso e se for pra Bahia vão ser outras influências, outro jeito de falar, outro jeito de vestir, de se portar, se alimentar, então é… a beleza da nossa cultura e pluralidade”. Cultura no cenário atual Como resultado da pandemia, muitos artistas estão passando por uns momentos difíceis, principalmente com a falta de incentivo por partes dos órgãos públicos. Apesar de toda essa dificuldade, Ugo diz que a maior conquista foi a lei Aldir Blanc e acredita em dias melhores. “A gente está num momento difícil para a cultura, mas acredito demais na força que o artista tem, que a gente tem, e carrega com agente de ressignificar esse momento, encontrar saídas, crescer mesmo nessa crise”. Futuro pós pandemia A tecnologia e as plataformas digitais têm sido ferramentas indispensáveis no atual cenário. Em meio à pandemia, os artistas vêm se inspirando e trabalhando ainda mais para lançar novos projetos. Em contrapartida, Ugo Castro Alves compôs várias canções na quarentena e está trabalhando na pré-produção de um novo disco. Além disso, ele possui vários projetos, tais como Komboio Cultural, uma ocupação de espaço públicos através de uma Kombi adesivada com som que leva arte e cultura para as regiões periféricas; o festival Mais que é um festival de fomento à música autoral da Baixada; a Associação Cultural Porto Circense, um espaço que fica no Canal 5, onde tem evento e cursos. Além disso, possui alguns trabalhos com sua esposa e cantora Lu Amarino, que são Saramandaia e Ziguezaguia, voltados para o público infantil. Juntos Pela Vila Gilda Confirmado no Juntos Pela Vila Gilda, Ugo, que é professor por volta de sete anos lá no Arte no Dique, fala que é uma área que conhece bem e possui um carinho e afeto muito grande pelo local. Ele convida as pessoas a conhecer o local e enfatiza o incentivo às políticas públicas de melhorias no local. “É isso que a gente pode fazer como artista, nos doar neste movimento de ajuda a quem mais precisa. Torço para que seja um sucesso e que a gente consiga arrecadar bastante para melhorar um pouquinho a vida dessas pessoas”.
Juntos Pela Vila Gilda: 200 artistas em prol da maior favela sob palafitas do Brasil
Entrevista | Gabi Doti – “Eu queria buscar um novo horizonte”

Apesar das mudanças repentinas, o ano de 2020 está sendo produtivo para a cantora Gabi Doti. Nascida em Montevidéu, no Uruguai, a artista veio para o Brasil ainda criança. Portanto, a cantora e o seu trabalho são compostos por duas raízes latino-americanas. Por falar em trabalho, recentemente Gabi lançou o seu novo álbum, Outra Razão. Em resumo, o processo criativo começou lá em 2018 e integra dez faixas inéditas. A princípio, o disco foi gravado no lendário estúdio EastWest Recording, em Los Angeles. Além disso, alguns singles como Otra Razón já ganharam videoclipes. “Foi extremamente intenso! Foi maravilhoso fazer esse projeto, me dediquei de cabeça, mergulhei. Tem que ter cuidado, dedicação e muito empenho. Tem que dar o melhor de si! Eu senti que eu estava pronta para isso e que eu precisava e queria amadurecer. Eu queria buscar um novo horizonte e não é à toa que o disco acabou recebendo o nome Oura Razão”, comenta Gabi. Em entrevista exclusiva ao Blog n’ Roll, a cantora contou sobre esta nova fase, repleta de mudanças. Novo álbum Recentemente, Gabi Doti lançou o seu mais novo álbum: Outra Razão. Em suma, o trabalho deu os primeiros passos ainda em 2018 após encontrar Moogie Canazio. O produtor carioca radicado há quatro décadas em Los Angeles já trabalhou com nomes como João Gilberto, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Rita Lee, entre outros. Gabi demonstra um imenso carinho ao falar sobre o produtor. “Experiência surreal Ele é uma pessoa maravilhosa! Muito straight to the point e ao mesmo tempo uma pessoa simples. Um coração generoso e que prima pela qualidade e excelência musical Ele tem muitas histórias e carrega muita experiência”. Vale lembrar que Outra Razão foi criado por um time de peso! Além de Daniel Baker nos teclados, o trabalho conta com Tim Pierce (guitarrista em discos e shows de Michael Jackson, Roger Waters e Phil Collins), Jamie Wollam (atual baterista do Tears For Fears, que já passou por grupos de Michael Jackson e David Crosby) e Sean Hurley (baixista de John Mayer, também presente em gravações de Ringo Starr, Annie Lennox e Alanis Morissette). Em cinco faixas, o percussionista cubano Rafael Padilla (que já trabalhou com Shakira, Gloria Estefan, Thomas Dolby, Diana Ross, Matt Bianco) reforça o sotaque latino-americano. Além disso, há também participações pontuais que completam a paleta sonora do álbum: o percussionista Felipe Fraga (curitibano radicado em Los Angeles) botou pandeiro e repique em Silêncio Capital; os irmãos cariocas Felipe e Viny Melanio fazem backing vocals em Nonsense e Iguais; enquanto as canções Nosso Jeito e Iguais contaram com a Orquestra de Saint Petersburg (sob a direção do maestro Kleber Augusto, a partir de arranjo de Daniel Baker). Otra Razón Lançado recentemente, o videoclipe Otra Razón é uma mensagem que precisava ser reportada. “As músicas também são muito visuais pra mim. E Otra Razón é a única música espanhol do disco que eu não tinha a menor dúvida que precisava ter todo um cuidado lúdico com a questão da imagem e da mensagem que estava sendo passada. É a respeito de uma história de alguém que sofre da síndrome de Alzheimer. É uma pessoa muito próxima, eu queria retratar de uma forma muito lúdica e cuidadosa, o que acontece com a mente de uma pessoa”. Além disso, Gabi Doti também contou um pouco sobreo processo criativo do trabalho, que desdobra uma história em sinergia. “Junto com o Rodrigo Cardoso – que é o diretor do vídeo – a gente sabia que para retratar esse processo tinha alguns elementos, como aridez, água e também uma espécie de lugar abandonado, onde a gente pudesse capturar da forma visual. A gente gravou nas ruínas da UnB em Brasília, que é um lugar que reúne um pouco dessas questões”. “Já sobre a água, nós reforçamos na reserva ambiental que é do Parque Nacional de Brasília, famoso parque da água mineral. A gente quis tratar visualmente, portanto precisavam ser uns lugares meio personagens. E ao mesmo tempo, no meu lugar tanto de cantora, como fazendo o papel da mente, buscando tentar mostrar um pouco das questões dos lapsos de memória e todo o processo que o Alzheimer provoca, com todo o cuidado e carinho”. Videoclipes Além de Otra Razón, o disco novo já rendeu outros dois videoclipes. “Eu já tenho um clipe de estúdio, que mostra um pouquinho dos bastidores de como foi a gravação em Los Angeles, da música Silêncio Capital, em outro videoclipe que já está no meu canal do YouTube e também no Apple Music e no Tidal. E a música Eco, que foi gravada nos famosos cobogós de Brasília. É uma música que fala sobre você se reconstruir; terminar um relacionamento de forma tranquila e ir para uma nova etapa da tua vida. Esse videoclipe também foi dirigido pelo Rodrigo Cardoso”, explica a cantora. Posteriormente, Gabi Doti revelou que já existem novos trabalhos a caminho. “Além disso, tem um mini documentário a onde eu abordo um pouquinho do ambiente de Los Angeles e do contexto todo de como foi feito o disco. Tem a participação do Moogie, o Daniel Backer é entrevistado e tem entrevista minha contando um pouco de como foi o processo. Também está disponível do meu canal do YouTube. E já estou trabalhando no próximo videoclipe do disco, não vou falar a música ainda, é uma surpresa, mas vai ser algo muito legal, muito bacana!” Gabi Doti é tri-eclética Gabi nasceu no Uruguai, viveu um bom tempo no Brasil e visitou uma porção de países ao redor do mundo. Ou seja, esse repertório cultural faz parte dos seus gostos musicais e reflete também na sua arte. “Tanto pelas minhas raízes uruguaias, como pelo tempo em que eu morei no Brasil, pelas viagens que eu já fiz ao redor do mundo, a gente vai se transformando. Eu sempre me interesso muito em ouvir as músicas dos lugares por onde eu passo. Tanto as músicas de origem, como os folclores, quanto as músicas que são contemporâneas. Então é um caldeirão
Entrevista | Zimbra – “Ficamos muito felizes por poder contribuir”

Com mais de oito anos de carreira, a banda Zimbra tem feito muito sucesso, indo além de sua terra natal, Santos, chegando a fazer turnê nacional no ano de 2019. Em tempos de pandemia, a banda que conta com mais de 150 mil ouvintes mensais no Spotify, enfrenta problemas fora dos palcos, e conta com o público para continuar produzindo. Projeto Viva Assim como outros artistas, Zimbra segue sem poder fazer shows, devido à pandemia do coronavírus. Ainda que tenha lançado novos singles, os músicos dependem de shows e apresentações para continuarem progredindo, já que a música é a fonte de renda do grupo. A partir dessa necessidade, lançaram o Projeto Viva, que conta com uma série de live exclusivas para fãs que colaborarem com doações. “O Projeto Viva surgiu de uma necessidade. Estamos há seis meses sem fazer shows, e provavelmente as coisas só voltem ao normal em 2021, até porque trabalhamos diretamente com público e aglomeração, então não há previsão. Entretanto, nossas dívidas seguem ativas. Foi então quando decidimos criar esse projeto. A primeiro momento para termos uma base financeira para continuar pagando as pessoas que estão por trás da banda, e também para sermos mais próximos de nosso público, conhecer as pessoas que curtem nosso som, produzir novas musicas”. Rafael Costa, Bola Planos e desafios diante do Covid-19 O grupo segue ativo nesse período de isolamento, tendo lançado dois novos singles, Lua Cheia e Claro que o Sol. Ambas foram gravadas antes da pandemia, seguindo um planejamento anual. “Gravamos as musicas e clipes antes da pandemia, seguindo um planejamento que já existia desde o começo do ano. Ainda não sabemos como serão as gravações das próximas músicas. Mas seguiremos tentando produzir de dentro de casa em uma qualidade razoável. Já que não possuímos equipamentos profissionais, cada um usará equipamentos básicos, não colocando a saúde de ninguém em risco”, comenta Bola. O vocalista conta que o plano atual é torcer para os shows voltarem logo. “Temos estado cada vez mais refém do período de reclusão, mas nossas dívidas seguem ativas, então estamos um pouco desesperados para voltarmos a normalidade, e o nosso plano é dar continuidade no Projeto Viva”. Ademais, revelou que está compondo mais que o normal. Novos singles de Zimbra Claro que o Sol foi o último single da banda, chegando às plataformas digitais no começo de julho. Enquanto Lua Cheia tem uma letra despretensiosa que fala sobre diversão, agitação e farra, Claro que o Sol é está interligada ao single anterior. “Em seu contexto geral, temos um personagem dentro das duas musicas, que saiu para balada, ficou bêbado, e se divertiu. Claro que o Sol, nada mais é que o dia seguinte de Lua Cheia, em que bate a ressaca moral, trazendo o vazio interno e um momento de reflexão após uma noite conturbada”. Rafael Costa, o Bola Zimbra no Juntos Pela Vila Gilda Zimbra é uma das 100 apresentações confirmadas no Juntos pela Vila Gilda, que acontecerá no dia 25 de julho de julho. Para a a banda, o papel de artista é levar alegria para o público, principalmente em tempos tão difíceis. “Em momentos de tanta instabilidade e tragédias, dar a essas pessoas um pouco de felicidade e sensações em quanto está escutando nossa música é uma válvula de escape. Ficamos muito felizes por poder contribuir com o projeto, e de poder estarmos ajudando ao máximo, e mais feliz ainda de saber que podemos ajudar as pessoas com nossa arte”. Rafael Costa, o Bola
Entrevista | Cres – “É ajudar as famílias e trazer reflexão”

O álbum do rapper Cres, de Santos, deve sair ainda neste semestre. Intitulado Uma História Comum, ele irá retratar suas vivências na produção. O artista vem lançando muitos singles e recentemente soltou a faixa Sozinho, escrita após um término de relacionamento, em 2015. “Fiz o beat e gravei em 2017 e aproveitei a quarentena pra lançar. Mas fala de como me sinto em relação a relacionamento, ao rap…”, explica. Ele também utilizou o período de quarentena para produzir beats e letras, mas sem muita pressão. “Aproveitei para focar em outras coisas também, como estruturar ainda mais a Grape (gravadora)”, afirma. O rapper ainda mantém o podcast RapCast nas plataformas digitais, no qual fala sobre rap em geral, fazendo análises de obras. Assim como em suas músicas, ele busca conversar com os ouvintes. “Busco conversar com as pessoas. Falar de coisas que eu passei, estudei e fazer com que elas se identifiquem, reflitam e pesquisem sobre. A música fala bastante com o sentimento, o podcast fala muito com a mente, então, acho que os dois projetos se completam”. Cres será um dos artistas a contribuir com a ação Juntos Pela Vila Gilda, do Blog n’ Roll. Para ele, a iniciativa é muito importante e dá visibilidade de diversas formas. “Além dos artistas regionais terem espaço, conseguimos levar entretenimento. Também ajudar as famílias e trazer reflexão”.
Entrevista | Fibonattis: “Nós recebemos ajuda e ajudamos o próximo”

A Fibonattis está na lista de convidados do Juntos pela Vila Gilda, que acontece no próximo dia 25. O grupo nasceu no subúrbio de São Paulo, com o intuito de fazer a diferença no cenário em que vivia, além de fugir da superficialidade ao abordar temas que condiziam com sua realidade. Os amigos Junior Punkids (guitarra e vocal), Marlon Silva (baixo e vocal de apio), Flávio Maikon (contrabaixo) e Gilson Sousa (bateria) carregam o lema de “Banda de Punk Rock que vai do Bubblegum ao Oi!” “Fiobonattis faz referência a um personagem marcante de uma série. Também por acaso coincidiu com Fibonacci (que é considerado o primeiro grande matemático europeu), que dentro da sua sequência, apesar de bem ampla, também se encaixa na afinação de instrumento musical. Sempre digo que nossa amizade está dentro disso também”, diz Marlon. A banda carrega 77 em sua marca, e explicam o significado dele em sua história. “O número faz jus ao ano de 1977 que é considerado o mais marcante na história do punk rock. Nesse ano surgiram várias bandas que hoje são referência pra nós”. Punk, futebol, amizade e cerveja A banda possui letras descontraídas sobre futebol, cerveja e amizades. Porém não ignoram o que se passa ao seu redor. Eles acreditam que abordar esses assuntos dentro do punk abriu espaço para que outras pessoas pudessem conhecer o gênero. “É algo que faz parte da nossa vida junto ao punk rock, provavelmente o primeiro contato de todos com esporte foi através do futebol e até hoje temos contato seja assistindo na TV, indo aos estádios, jogando na rua ou jogando vídeo game”. “Futebol, amizade e cerveja são os três itens que fazem parte da vivência da maioria das pessoas. Além disso, zelamos nossas amizades e gostamos muito de cerveja”, comenta o guitarrista. Ouça Mídias Sociais: Fibonattis e a pandemia Devido à pandemia decorrente do novo coronavírus, a Fibonattis teve que suspender seus trabalhos que estavam em andamento, como a gravação de um single e também um novo disco. “O mundo está passando por um momento muito difícil. O underground já é complicado de se estar, mas a internet sempre foi aliada e estamos nos adaptando com a situação dentro do possível”, relata Marlon. Enquanto as coisas não se normalizam, eles estarão compondo mesmo que à distância, fazendo lives de música e bate-papo com parceiros para interagir com o pessoal e descontrair. “Após a quarentena automaticamente teremos novos trabalhos. Voltaremos às gravações do disco novo que conta com algumas músicas mais sóbrias”. Juntos Pela Vila Gilda A Fibonattis sempre esteve envolvida em ações sociais. “Nós recebemos ajuda e ajudamos o próximo, acreditamos que é imprescindível que as pessoas passem isso a diante”, diz Marlon Por fim, para a apresentação no evento, a banda preparou uma versão acústica da música Sem Volta. “Por ser uma letra com tema de guerra, não a tocamos em shows há muito tempo, mas entendemos que atualmente existe uma certa semelhança com atitudes de alguns líderes governamentais”, finaliza.
Entrevista | Depois da Tempestade – “Não tem essa de ano perdido”

Depois da Tempestade é um nome carimbado por aqui. Formada em 2012, em Santos, a banda é contemporânea do Blog n’ Roll. Atualmente a formação conta com Victor Birkett (voz), Mily Taormina (baixo e voz), Gutto Albuquerque (guitarra), Bruno Andrade (bateria) e Maru Mowhawk (teclado). Iniciando no metalcore e hoje pisando no rock alternativo, o grupo adquiriu em oito anos de carreira inúmeras influências, como o alt-pop e a música latina. Só para ilustrar, hoje a Depois da Tempestade carrega em sua trajetória 3 EPs, 1 álbum de estúdio, 2 faixas acústicas, 3 singles inéditos, 1 cover e 1 remix. Está bom para você assim? Entre contos de aventuras da carreira, lives com outros artistas e até lançamento de remix, a banda não ficou parada durante esta pandemia. Além disso, divulga seu roteiro semanal de stories no Instagram e a todo momento interage com seus fãs. Confira a seguir a entrevista que fizemos com o vocalista da Depois da Tempestade, Victor Birkett. Nessa época de quarentena, vocês estão bem ativos nas redes sociais. Lançaram cover da Bayside Kings, fizeram lives com outros artistas e estão interagindo com os fãs. Houve retorno para a banda? Se sim, como tem sido? Acredito que nossa atividade nas redes sociais já está vindo em um ciclo forte desde os últimos meses do ano passado. Pudemos notar a resposta imediata do público no único show que fizemos em Santos em 2020, em janeiro, na Tenda da praia do Embaré. Foi justamente o evento onde éramos atração principal e que mais atraiu gente até hoje. A situação da quarentena acabou vindo como um choque depois desse momento promissor, mas consequentemente manteve e intensificou o contato com nossa fanbase gerando uma formação natural de novos fãs e seguidores. Mesmo com todos os contratempos, esse foi o ano onde mais nos escutaram no Spotify, por exemplo. Já na metade de 2020 superamos os ouvintes de todos os outros anos contabilizados juntos, desde 2015, que foi quando entramos na plataforma. Além desse ter sido o ano que mais vendemos produtos online. Acreditamos que quando voltarmos aos palcos poderemos sentir essa força virtual se transformando em força orgânica e real. Em maio vocês lançaram o remix de Máscaras de Oxigênio em parceria com o produtor the.lazyb. Quais os próximos planos para a banda? Terão mais novidades neste ano? Estamos com um material quase pronto para ser gravado, mas ainda precisamos de alguns meses de sessões de ensaio com o produtor musical, André Freitas, que foi responsável tanto pelo nosso EP Mutáv3l, quanto pelo disco Multiverso. Conversamos e chegamos à conclusão que já que esperamos tanto para esse lançar esse novo EP ou disco, não teria lógica correr para lançar ele agora.Guardamos para o momento ideal, que pode até mesmo ser no ano que vem. O remix com nosso amigo the.lazyb já foi uma das consequências e soluções da quarentena e recebemos um retorno bem positivo do nosso público, que se mostrou aberto a esse tipo de experimentação, que pode voltar a ser usada em breve. Estaremos trabalhando no formato single pelo restante do ano, mas não vamos falar de datas antes de termos faixas prontas. Queremos nos manter o mais ativos e emergentes que conseguirmos. Não tem essa de ano perdido, 2020 foi um dos anos mais importantes para nós até hoje. Foi uma espécie de consolidação. Queremos aproveitar o momento e esperar pelos próximos anos. Por último e não mais importante, a Depois da Tempestade irá participar do evento Juntos Pela Vila Gilda. O que vocês pensam sobre a importância de projetos beneficentes fazerem o mundo olhar e ajudar a região? Foi um convite recebido com muito carinho por nós. Se podemos oferecer serviço através da arte e isso for pago trazendo frutos positivos para milhares de pessoas, é sinal que nosso papel como artista foi cumprindo, né? Gostamos de pensar em toda essa conexão e força que a música tem. Fazer parte disso é continuar uma corrente de paz, amor e liberdade que tantos ídolos nossos fizeram no passado e fazem até hoje. As presenças nacionais, internacionais e regionais só abrilhantaram o movimento. Toda a nossa prestação de respeito a cada um que está passando dificuldades nesse momento.
Entrevista | Carla Mariani – “É nossa obrigação, mas uma obrigação boa e prazerosa”

Com mais de 13 anos de carreira, Carla Mariani vem se reinventando a cada projeto. Com muitas canções autorais e releituras de grandes artistas do jazz e blues, ela é conhecida por seu timbre, no qual coloca todo o sentimento em pauta ao enfrentar novos projetos em tempos de pandemia. Vem disco por aí? Após três anos desde o último EP, Time, a cantora diz que tem buscado novas estratégias para alcançar o seu público. “Tenho trabalhado em lançar singles, pois chamam mais atenção do público. Parece que hoje em dia as pessoas não têm muita paciência para escutar várias músicas novas de uma só vez”. Coronavírus e seus desafios Com a chegada inesperada da covid-19, muitos músicos tiveram que arrumar novos meios de conseguirem renda para manter-se vivos. Para Carla Mariani não foi diferente. A cantora tem buscado se reinventar dentro de seu estilo musical, buscando sempre ter um perspectiva positiva desse período de isolamento. “Tem sido muito difícil, né? Eu ainda dou aulas de canto, então inicialmente consegui manter pelo menos metade da minha renda, mas muitos de nós não. Mas tenho tentado enxergar esse período da forma mais positiva possível e estou tentando me reinventar, e acredito que seja esse o caminho. Eu, por exemplo, tenho estudado muito sobre produção musical, estou fazendo cursos sobre mixagem, para poder fazer as minhas coisas sem precisar sair. Montei um home studio com ajuda de amigos, como o Jota do Lobo Estudio e o Suzuky, e tenho lançado vídeos de diversos estilos, para não cair no esquecimento”. Novas vertentes musicais Ano passado tivemos o lançamento de At Last, single autoral em parceria com Yan Cambiucci. Questionada se manteria a parceria, disse que a parceria está confirmada. E, além de Yan, Heittor Jabbu também está incluso. Ademais, afirmou que tem escutado bossa nova e jazz, e que esses estilos musicais devem influenciar em suas próximas composições. Juntos Pela Vila Gilda Confirmada no Juntos Pela Vila Gilda, junto com a companheira Letícia Alcovér, Carla considera o evento de extrema importância. Acredita que todos os artistas possuem o dever de ajudar quem possui necessidades, e que a solidariedade dos artistas locais é extremamente necessária para que através da arte, possam estar arrecadando verbas para os necessitados. “É nossa obrigação, mas uma obrigação boa e prazerosa”, finaliza.
Entrevista | Wiseman – “Arte é vida. Arte é política e bem-estar”

A programação do Juntos Pela Vila Gilda tem vários nomes independentes que merecem sua atenção. Um deles é a banda paulistana Wiseman, que possui uma sonoridade carregada de influências de alto nível dos anos 1990. Composta por Thiagones (voz e guitarra), Luiz Chagas (bateria) e Paulo Sepúlvida (baixo), a banda nasceu em meados de 2013. Lançou a primeiro demo Reflex em 2014 e também um EP promocional em 2016. Apesar de carregar a influência de Nirvana, Seaweed, Quicksand, Farside e outras, o som do Wiseman não soa datado. Ao contrário, a banda trabalha bem as influências para entregar algo original. “Não queremos fazer músicas tipo banda X ou Y. Montamos, arranjamos, compomos os sons da forma que achamos que irão soar bem”, diz Thiagones. “As influências fazem parte da gente e obviamente estarão em nosso trabalho, mas não buscamos soar similar a elas, sabe?”, complementa. O álbum Mind Blown Em 2018, o Wiseman lançou seu primeiro álbum, Mind Blown, trazendo à tona um som denso, pesado e consideravelmente “sujo” e distorcido com vocais transitando entre belas melodias, gritos rasgados cheios de fúria e agressividade. O álbum possui dez faixas gravadas em inglês e a temática de não tolerar qualquer tipo de preconceito, como também não mais se submeter aos velhos preceitos e dogmas. O vocalista Thiagones reflete sobre as questões que englobam o mundo nos dias de hoje. “A vida é feita de ciclos. Estes ciclos acabam se repetindo principalmente quando não aprendemos com o passado. O que acontece no Brasil (especificamente, pois é aonde temos a vivência) é meio que isso. O país nunca enfrentou o passado da ditadura, nunca puniu ninguém, ou corrigiu os rumos que a escravidão deu às vidas dos descendentes do povo negro. Nunca. Sempre foi no jeitinho”. “Aboliram a escravidão. Deixaram os escravos à própria sorte, enquanto os colocavam sistematicamente à margem da sociedade. O resultado disso é esse populismo frouxo e tosco, que hoje flerta com o fascismo”. Thiagones, vocalista e guitarrista do Wiseman Para ele, nunca houve uma educação realmente libertadora, que proporcionasse um direcionamento sobre o que é cidadania para o povo, bem como ensinasse senso de comunidade. O vocalista acredita que enquanto o país se negar a aprender e corrigir os problemas do passado, não teremos um futuro. Por fim, Mind Blown contou com a produção e mixagem de Ali Zaher Jr e Thiago Babalú. Sua masterização foi feita em Los Angeles por Nick Townsend, que já trabalhou com bandas renomadas como Paramore. Ouça Factory Floor: Wiseman e os desafios da pandemia Antes da pandemia causada pelo novo coronavírus, a banda tinha iniciado seus trabalhos para o desenvolvimento do novo álbum. Entretanto, com o presente momento, estão replanejando não somente o cronograma do grupo, como também suas vidas pessoais. Sendo assim, a banda acredita que a retomada aos palcos deve começar a acontecer nos próximos meses, visando 2021. “O problema vai ser: as pessoas ainda estão interessadas em shows underground? Esse é um questionamento que vem desde muito tempo. Shows vazios, cenário com pouca rotatividade de atrações em eventos de maior porte”, comenta Thiagones. “Esse vai ser o grande desafio do underground em 2021: atrair pessoas para esse rolê independente. Talvez as coisas migrem em parte para o ambiente virtual. Veremos…” Wiseman no Juntos Pela Vila Gilda Para o Juntos Pela Vila Gilda, a banda está preparando dois sons épicos de épocas diferentes, mas que possuem a mesma energia – claro, em um formato homeoffice e acolhedor. Em síntese, eles acreditam que a participação e união dos artistas é algo muito importante para a causa. “Arte é vida. Arte é política e bem-estar. Neste momento que o país atravessa, com essa quadrilha que está (des) governando o país, mais do que nunca somos nós por nós. Se não fizermos, eles não farão. Logo, se cada banda, artista, performer puder fazer um pouco, juntando tudo, será muito”, finaliza Thiagones.