Entrevista | USREC – “É uma ideia válida juntar essa gama artística”
O coletivo de rap USREC da Baixada Santista, formado em 2013, em Santos, se apresenta na noite deste sábado (25), no Youtube do Blog´n Roll. Eles integram as atrações do Bloco do Rap, que começa às 22h30. A transmissão, que vai até às 0h15, já está rolando! Ao todo, serão mais de 200 artistas somando à causa. Acho uma ideia bem válida juntar essa gama artística em prol da Vila Gilda e principalmente colaborar com as doações. Espero que a partir dessa campanha possam surgir mais eventos como esse, abraçando outras causas e ajudando o próximo. NevzzMc A forma como Nevzz descreve o evento vai de encontro a alguns valores que traz do rap underground. “Acho o rap underground importante por vários fatores: por dar voz a quem está começando no seu segmento, por aproximar as comunidades e locais públicos com seus artistas locais, além de abraçar várias causas sociais dentro de cada comunidade”. Labirinto da Vida O USREC está preparando o próximo EP Labirinto da Vida. “A produção musical está praticamente pronta. Estamos estudando e trabalhando agora na produção visual e distribuição, marketing, para vir com máxima qualidade e atingir o máximo de pessoas possível”, afirma Prod The Vita. Antes do lançamento, eles pretendem soltar um single para que os ouvintes possam sentir a vibe do EP. O último lançamento foi a música Talvez, que também estará no EP. Neste período de pandemia, Prod The Vita afirma que está sendo fundamental passar mais tempo com a família e se dedicar à música. “Em questão musical, sempre que possível pesquiso, estudo, componho alguns versos ou registro melodias para um beat futuro, além dos trabalhos pendentes”.
Entrevista | Dre Araújo – “Sem cultura, comunidades não teriam força”
A rapper Dre Araújo, 24 anos, será uma das artistas que vai se apresentar na ação Juntos Pela Vila Gilda no Bloco do Rap neste sábado (25), a partir das 22h30. Ela que desde criança gostava de rimar, se encontrou nas disputas de 2015, na Batalha da Conselheiro, em Santos. “Foi aonde eu falei: isso que eu quero fazer da vida!”, explica. Dre lembra de pessoas que a fizeram acreditar em seu potencial. “Eu vou para cima. Tive todo o apoio do Jota, também dos meninos da organização, do Cres e o Azul. Isso para mim foi maravilhoso, porque eu consegui me manter firme. Com medo lógico, muito, mas sempre com o pé no chão confiante da minhas rimas e foi essa força que me trouxe até aqui”. Sobre ser uma das referências de mulheres que batalharam em Santos, Dre comenta. “As batalhas da Baixada Santista têm sempre um lugar muito especial no meu coração. Foi onde tudo começou, foram as pessoas que me apoiaram, são especiais para mim. A maioria são meus amigos, gente que estudou comigo na mesma escola como a Thammy Iannuzzi, que é uma mina que admiro muito e conheço há muitos anos. Me sinto muito feliz muito lisonjeada por ter gente assim do meu lado, por ter gente que que realmente me apoia e se espelha no meu corre para fazer o seu corre virar também. Então, isso para mim é maravilhoso”. A batalha continua… Atualmente, a artista se encontra em Itajaí, Santa Catarina, mostrando que realmente leva jeito pra coisa. Dentre várias batalhas que já participou, ela cita a seletiva classificatória do regional 2018 como a mais marcante. “Ganhei e fui defender o estado de Santa Catarina lá no Rio Grande do Sul, que foi onde eu perdi para o Pedrinho. Mas eu consegui mesmo assim ir para o nacional representar o estado e toda essa trajetória. Aprendi que a persistência e o foco te levam a lugares que você nem poderia imaginar. Então, essa batalha me deixou inspirada para a vida, porque foi ali que começou mais uma etapa do meu sonho”. Dre Araújo Para suas próximas batalhas, Dre vai participar da Guerra dos Campeões neste domingo (25), por transmissão online no Youtube, às 16h. “É uma batalha da América Latina. São batalhas com etapas diferentes daquelas que estamos acostumados, tem temas, regras, modalidades. Vou adorar participar”. Produções musicais Para os próximos lançamentos, Dre está trabalhando na produção musical do EP Cíclico. “ Terão seis músicas. Estou trabalhando duro nele. Sempre me dediquei mais às batalhas de rima, mas agora me sinto mais à vontade com meu lado musical. Nele, eu coloco muito do que tenho vivido ultimamente. Acredito que seja o que a maioria tá vivendo e essa identificação é o que me impulsiona. A conexão com histórias reais baseada em coisas que realmente tá no nosso cotidiano”. Nessa pandemia, Dre diz que tem conseguido compor, mesmo com o mundo mudando. “A pandemia trouxe um caos pelo mundo inteiro e entre casa e trabalho, sala e cozinha, eu escrevo coisas do meu dia a dia. Esse cotidiano ultimamente tem sido o dia a dia de quase todo mundo né? Geral com sensação de medo, e as paralisações das atividades causou bastante turbulências emocionais, e de alguma forma isso inspira a escrever”. Dre Araújo no Juntos Pela Vila Gilda Dre ressalta a importância de somar ao festival Juntos Pela Vila Gilda neste sábado (25), que visa arrecadar 2 mil cestas básicas aos moradores da região. “É importante o fortalecimento das instituições e dos movimentos, que de alguma forma fortalecem a cultura e as comunidades. Sem a cultura, as comunidades não teriam ritmo, não teriam força. A importância disso é incalculável, porque pode ajudar muita gente e isso me deixa feliz. Fazer parte disso para mim é muito bom agradeço o convite”. Dre Araújo
Entrevista | Dani Coimbra – “Eu canto para levar felicidade às pessoas”
A cantora carioca Dani Coimbra é um dos nomes presentes no Juntos Pela Vila Gilda, que acontece esta semana. Em resumo, a artista é uma das grandes promessas da MPB e recentemente lançou o seu primeiro álbum de estúdio: Renda-se (2020). Ademais, Dani também é atriz e bailarina, tendo estudado dança contemporânea na UFRJ. Sem contar que a cantora é uma das vozes do Bloco Empolga às 9 e foi convidada para a 10ª edição do Festival Ziriguidum emCasa, criada pelo ator e cantor Claudio Lins. E as novidades não param por aí. “Em breve estarei lançando meu novo clipe. E também já estou escolhendo as músicas para gravar um EP que pretendo lançar antes do final desse ano”. Em entrevista exclusiva ao Blog n’ Roll, Danielle Coimbra conta detalhes sobre suas produções, expectativas e, claro, sobre o Juntos Pela Vila Gilda! Renda-se No início deste ano, Dani Coimbra divulgou o primeiro CD de sua carreira solo. Além de composições de seus amigos, o trabalho também conta com regravações de Djavan, Vinícius de Moraes, Baden Powell e Moska. “Eu acalentei durante anos o sonho de gravar um álbum, mas sabia das dificuldades financeiras pra isso, já que sou uma cantora independente. Mas, quando coloco algo na cabeça, luto muito pra conseguir. E trabalhei duro cantando na noite, dormindo pouco e acordando bem cedo pra cuidar do meu filho, até conseguir realizar esse objetivo. E consegui!”. Dani ainda revela que Renda-se levou cerca de um ano para ser finalizado. Isso inclui a escolha das músicas, criação dos arranjos, gravação e masterização. “Comecei a selecionar músicas de amigos compositores e escolhi regravar quatro composições que sempre sonhei cantar. O produtor musical desse CD, Nelson Freitas, captou rapidamente a essência do que eu queria passar nesse trabalho, criando arranjos muito requintados e criativos, misturando ritmos que fazem parte da minha musicalidade”, explica. Dani Coimbra é sergipana e carioca Dani é imersa em brasilidades. Nascida e criada no subúrbio carioca, a cantora é filha de uma sergipana e de um carioca, portanto, desde pequena foi influenciada pela diversidade da nossa música. “Temos um país que mais parece um continente, o que faz com que nossa música seja tão diversa. Meu pai, carioca, sempre foi um amante da música e tinha uma gigantesca coleção de vinis. Ele ouvia do samba à música clássica. De bossa nova a rock nacional. E eu ali do lado ouvia tudo com ele”, conta Dani. “Mesmo sendo carioca, desde pequena viajei inúmeras vezes a Sergipe para visitar minha família materna. Lá eu só ouvia forró, 24h por dia (risos). Seria impossível eu não ser essa pessoa que ama e valoriza incondicionalmente a música brasileira e creio que consegui expressar essa diversidade no meu álbum”. Inspirações musicais Apesar de cantar MPB, Dani Coimbra escuta de tudo. “Eu sou mega eclética e vai muito de acordo com meu clima no dia. Tem dias que ouço rock internacional, sou apaixonada pelo Foo Fighters. Outros dias, quando quero dançar, ouço Jamiroquai, Bruno Mars, Michael Jackson”, compartilha. “Tenho ouvido muito rap nacional ultimamente e tô amando. Ouço muito samba de raiz também, é claro. Enfim, minha playlist parece uma salada mista (risos)”. Além disso, a cantora também nos contou quem são as suas influências musicais. “Naturalmente os sons que te tocam te inspiram de alguma forma, mas digo que essas cantoras me inspiraram a começar a cantar e sempre serão minhas musas: Elis Regina, Eliseth Cardoso, Marisa Monte, Ana Carolina e Cassia Eller”. Dani Coimbra no Bloco Empolga às 9 Este ano, a artista participou pela primeira vez do Bloco Empolga às 9h, que a princípio, é considerado um dos maiores do Carnaval do Rio de Janeiro. “Esse foi meu primeiro ano cantando no Empolga, e foi de uma emoção ímpar. Ver aquela multidão pulando e cantando com você, não tem preço. Por isso, tentei dar toda minha garra e energia para essa troca linda com as pessoas. Eu sempre digo que amo cantar, seja para uma pessoa ou para milhares, como é no caso do bloco. São emoções diferentes, mas todas me completam”. Por fim, Dani também contou sobre as diferenças e cuidados necessários ao cantar em um bloco carnavalesco. “A diferença maior é que para cantar no bloco, o pique e o cuidado com preparo vocal, tem que ser bem maior”. “Me preparei meses antes intensificando minhas seções de fonoaudiologia e malhando muito. Felizmente deu tudo certo! Precisei desse preparo para não prejudicar minhas cordas vocais”. Festival Ziriguidum EmCasa Mais projetos! Este ano, a artista foi convidada para a 10ª edição do Festival Ziriguidum emCasa, criada pelo ator e cantor Claudio Lins. “Foi uma delícia! Fiquei super feliz com o convite em participar desse festival, nesse momento tão único que estamos vivendo, tendo a oportunidade de levar minha música e minha alegria para as pessoas que estavam em quarentena, e ao lado de artistas que super admiro. Só posso ter muita gratidão”, comenta. Lábios de Mel Recentemente, Dani Coimbra regravou a música Lábios de Mel, do Tim Maio, ao lado de Anderson Vaz. Em síntese, vale lembrar que o clipe foi gravado em isolamento, cada um em sua casa. “Como estamos impossibilitados de trabalhar nesse momento, aproveitei esse período para gravar vídeos, nesse formato de cada um em sua casa, para não ficar parada e continuar levando minha voz para as pessoas. Um dia ouvindo Lábios de Mel, pensei em convidar o Anderson pra cantar comigo”. Posteriormente, a artista também compartilhou os desafios da produção. “Tive que me virar nos 30 nesse período e fui aprendendo até a editar vídeo, essa foi a parte mais complicada (risos). O Anderson é um cantor que admiro muito, temos ideais com a música muito parecidos e estamos conversando pra outros projetos futuros”. Em quarentena Por conta da pandemia do novo coronavírus, boa parte dos artistas tem se debruçado em projetos virtuais, dessa forma, com Dani Coimbra não foi diferente. “Acho que foi importante, não só para mim, mas para muitos artistas, percebermos o quanto é
Entrevista | Facção Caiçara – “O rap precisa estar em prol desta causa”
O Facção Caiçara será uma das duplas de rap presentes no Juntos Pela Vila Gilda. O projeto formado por Yakuza Mc, 22 anos, e Lemo$ Mc, 19 anos, representa a cena santista. A dupla se conheceu em um ambiente de trabalho e o rap sempre foi o principal assunto em comum entre os dois. Por isso, criaram o Facção Caiçara, no final de 2018. Eles já estão com novos singles programados e têm conseguido compor nesse período de quarentena, tanto para o Facção Caiçara quanto para trabalhos solos. “Esse tempo tá servindo pra gente ler um pouco mais, variar o repertório. As coisas continuam fluindo” afirma Yakuza. Na noite desta quarta-feira (15), foi lançada a CYPHER SGC – IRAQUE com feat do Facção Caiçara, Big G & Badezir. O clipe foi gravado no Mangue Seco, na Zona Noroeste, e retrata vivências de pessoas de regiões periféricas, injustiças sociais, raciais e afins. Nas composições do Facção Caiçara podemos encontrar letras de protesto, que falam sobre minorias, comunidades e injustiças sociais. Eles têm como inspiração o grupo de rap Facção Central, só que com músicas mais modernizadas, com temas atuais. Entretanto, o repertório do grupo não se restringe a isso, podendo variar para uma lovesong, por exemplo. Juntos Pela Vila Gilda Sobre a participação no evento Juntos Pela Vila Gilda, eles afirmam ter aceitado o convite de prontidão com o maior prazer. É muito importante! Tanto que a gente viu o convite e aceitou na hora, porque algo beneficente e social é sempre muito importante, principalmente quando a gente faz rap e está no meio da cultura hip hop. É uma cultura que visa ajudar as pessoas que mais precisam e o rap precisa estar em prol desta causa. Ainda mais quando são lugares que a gente está perto, nesse caso da Baixada Santista. Assim, podemos fazer alguma coisa. A participação do artista em projetos assim é essencial. Yakuza MC O duo se apresenta no primeiro dia de evento, dia 25 de julho. Confira o lineup completo!
Entrevista | Abraskadabra – “Em crise a gente vê quão órfão de governo a gente é”
A banda Abraskadabra tem montado um currículo e tanto: turnês internacionais que incluem Japão, Estados Unidos e Europa, músicas tocadas em 68 países por mais de 22 mil ouvintes segundo o Spotify, trilha sonora do X-Games na ESPN… Tudo isso sem contar os inúmeros shows pelo Brasil. O grupo de ska-punk nasceu em Curitiba e é uma das bandas confirmadas no Juntos Pela Vila Gilda. O Blog N’ Roll conversou com Rafa Buga, guitarrista do Abraskadabra, sobre quarentena, música e sua participação no festival. Como foi o início da sua carreira? Quais foram as principais dificuldades? Foi meio comum, aquele esquema de colégio, montar banda com os amigos. Tive umas três bandas antes do Abraskadabra, a diferença é que comecei um pouco mais cedo. Tocava violão desde os 9 anos e banda é presente na minha vida desde os 12, então não sei o que é minha vida sem (risos). No Brasil nada é fácil né, mas a gente também cria uma casca mais grossa. Acho que o mais difícil no início era conseguir espaço pra tocar e poder criar uma ceninha, um público mais fiel. Devemos muito ao maravilhoso JR, dono do 92 graus aqui de Curitiba, que foi o primeiro e sempre abriu as portas pra gente. Essas pessoas são importantíssimas. Quais são suas maiores inspirações? Difícil ir citando, são vários. Mas tudo que é verdadeiro e interessante pro meu ouvido. Gosto muito de pensar em termos de composição, a simplicidade complexa dos Beatles, Queen. Tenho escutado muito Specials, Frenzal Rhomb também. Gosto de muita coisa, todos eles me inspiram e me instigam a me puxar mais. A pandemia atrasou algum projeto que tinha em mente? Como os artistas podem minimizar os impactos dessa fase tão difícil? Sim, o Abraskadabra estava com uma turnê marcada pela Europa em julho/agosto, e tudo levava a crer que seria a turnê mais legal até então. Porém, obviamente tivemos que adiar pro ano que vem; triste, mas pelo menos está de pé ainda. Não tá fácil, ficar longe de viajar pra tocar/ensaiar pra mim é o que pega mais, e pra diminuir os impactos eu sinceramente não sei. Financeiramente é complicado, a gente tem colocado umas coisas novas na loja, entramos nessa de live uma vez ou outra, mas não é a mesma coisa, esses covers de galera não me atraem também. O que pra mim tem sido melhor é focar nas músicas novas, trabalhar na base, no nosso disco novo pro início do ano que vem. Acho que é isso o que posso tirar de melhor desse momento, refletir melhor sobre si e talvez melhorar certos hábitos. E como tem sido sua quarentena? Introspectiva e careta (risos). Tenho lido muito, acho que é o que mais faço. Além disso tenho focado muito no nosso disco novo, muito arquivo rolando de lá pra cá, um mandando pra outro. É um processo diferente, mas tem sido bom. O problema é o tédio que muitas vezes é inibidor da criatividade, mas aos poucos tá saindo. Tenho escutado bastante coisa também, cavocando muita coisa antiga. Tem rolado muito The Muffs, Zeke, Kill Lincoln, Suicide Machines que lançou disco novo esse ano, muito Queen, Specials, Dag Nasty. Tempo não falta. Falando em livros, quais são os títulos que mais curtiu? Na maioria romance. Li uns contos também e agora tô numas biografias: Memórias do Subsolo e O Jogador do Dostoievski, Duas Viagens ao Brasil do Hans Staden, Em Busca de Curitiba Perdida do Trevisan, Pergunte ao Pó do John Fante, que não tinha lido ainda. A biografia do Ozzy, que é de se cagar de rir, Viagem à Roda de Mim Mesmo do Machado de Assis, Doutrina de Choque da Naomi Klein. Acho que foi isso, e acho que Memórias do Subsolo foi o mais sinistro, apesar de ter gostado de todos. Agora estou lendo o On The Road With The Ramones. Qual a data prevista de lançamento do novo disco? Como tem funcionado as gravações? Atualmente acho que estamos com umas 12 músicas, nem todas devem ir pro disco e mais um trilhão de rascunhos. Antes da pandemia estávamos conseguindo ensaiar e produzir bastante em estúdio normal. Agora a parada mudou, cada um no seu canto, então temos usado a tecnologia a nosso favor. O Maka, nosso baterista, comprou até uma bateria eletrônica que tava namorando há tempos. Tá aquele tal de mandar arquivo pra lá e pra cá, e tem sido bom, mas falta um pouco a energia de estar com os instrumentos todo mundo junto. A ideia é fazer mais algumas coisas pra poder entrar em estúdio, ou melhor, ir pra um lugar afastado qualquer pra gravarmos nós mesmos. E nesse ínterim pensar melhor no álbum como um todo. Temos conversado com uns selos e vai ser legal. Nossa ideia é lançar ano que vem na primeira metade, se tudo der certo e a pandemia deixar. Daí é botar o pé na estrada! Atualmente existe um mito de que o rock e o punk são gêneros com dias contados. O que pensa sobre isso? Pergunta difícil. Já pensei algumas vezes sobre isso e é visível que estão cada vez mais encolhidos. A nova geração não tá crescendo com aquela parada de banda, ter bateria em casa, que a nossa época cresceu, rodeado por esse tipo de som, MTV, etc. Hoje eles montam um estúdio em casa e fazem música eletrônica ou outro tipo de coisa. Mas eu acho que isso uma hora enche o saco, e onde tem adolescente, o punk vai estar presente. Sempre foi uma atitude e não só um estilo específico. E isso sempre tem rolado e nunca vai sair, com o rock a mesma coisa. Costumam ser ciclos, mas fora do mainstream o que não falta é banda nova por aí. Que mudanças teremos daqui pra frente, pós-pandemia? Quais lições podemos tirar desse momento? Não tenho ideia de que mudanças acontecerão, mas lições temos várias. Em crise que a gente vê quão órfão desse governo podre a gente
Entrevista | T h – “Fazemos parte de um grupo muito maior que causa mudança”
O rapper T h está entre os 120 nomes de artistas que participam da iniciativa Juntos Pela Vila Gilda. Para ele, a sua contribuição é a soma de forças que está acontecendo em todo o mundo nesse período de pandemia. “Independente de estar sendo feito pensando em uma área específica, que no caso é a comunidade Vila Gilda, se partirmos pelo pensamento de que existem várias organizações fazendo isso a favor de suas regiões, logo nós fazemos parte de um grupo muito maior que causa uma mudança extrema em todo território nacional, e arrisco dizer que internacional também”. A pandemia mudou um pouco o andamento de lançamentos de trabalhos e também de criação. “Essa pandemia tem caído como uma maré bem calma em relação aos trabalhos. Porém, estamos chegando em um nível onde as ondas fortes vão começar a bater e cobrar. Costumo compor sempre com sentimentos atuais. E confesso que estou com dificuldades para compor letras que tragam realidade e sentimento sem que seja agressivo demais para o momento”. “Às vezes prefiro me guardar e esperar um momento de melhoria do que criar letras que causariam, talvez, uma revolta desnecessária ou algum tipo de pânico. Eu componho com o pensamento de crescimento e amadurecimento interno. Qualquer coisa contrária disso me faz ter dificuldade. Assim que ‘normalizarem’ as coisas com certeza voltarei com foco total nas composições e lançamentos de novos trabalhos”. Esperando a Poeira Baixar Dessa forma, T h e sua equipe estão esperando ‘a poeira baixar’ para colocarem a equipe na rua sem riscos ou preocupações. “Aí sim temos um belo de um projeto pela frente, que inclui seis singles e um curta”, afirma. O que mais preocupa o artista nesse momento é o seu segundo disco Inversão de Atributos, que estava previsto para ser lançado 2021. “Agora, com este atraso não sabemos o quanto isso pode prejudicar nas metas em relação ao tempo”. Elaborando Rimas Enquanto os lançamentos não saem, T h deu início ao projeto Elaborando Rimas, por meio de improvisos que faz com temas impostos nos comentários do YouTube. “O projeto é antigo, foi inspirado no “RapBox” feito pelo CASA1, porém só agora me senti com qualidade suficiente para tirá-lo do papel. Trata-se de episódios aleatórios com vários temas. São gravados sempre no mesmo local com o diferencial de ser feito de improviso, aproveitando os temas impostos pelo nosso público através de comentários”. “Até então, foi bem aceito e nos trouxe uma boa impressão com o público. Mas ainda temos milhares de corações para serem alcançados, que ainda nem fazem ideia que o projeto nasceu. O objetivo é elaborar rimas que contagie as pessoas e tocar cada vez mais corações com a nossa arte”, diz.
Entrevista | Moç: “Podemos mostrar que estamos interessados em ajudar”
O Moç, dupla santista composta por Izzi e Leal, será uma das quase 200 atrações da ação Juntos Pela Vila Gilda. A iniciativa visa arrecadação de cestas básicas para pessoas da região, devido às consequências da pandemia da Covid-19. Para a dupla, o período também trouxe algumas consequências em seu desenvolvimento musical. “A pandemia nos atrapalhou no desenvolvimento musical e na sequência de lançamentos. O Leal ficou ‘preso’ por três meses em outro estado por conta da paralisação dos ônibus e isso fez a gente perder o ritmo. Eu, nesse tempo de isolamento e quarentena, gravei e compus algumas músicas, pois movi os equipamentos do estúdio para minha casa” explica Izzi. Ele afirma que o Moç irá aderir a prática de lançamentos de singles com videoclipe, mixtape, ep e álbum. Recentemente, a dupla lançou a faixa Moç Life, mas os próximos lançamentos, sem previsão, seguirão em outra linha. “Moç life é algo que escrevemos a algum tempo. Na época estávamos sim indo para músicas com a musicalidade parecida com aquela faixa. Porém, hoje estamos pensando em coisas mais sólidas e em um nível mais elevado musicalmente falando”, explica. Nos trabalhos solos, Izzi produziu e gravou algumas faixas, que deverão ser lançadas em forma de ep e singles. Já Leal tem um álbum ‘saindo do forno’, mas não tem previsão para os lançamentos. “O foco agora está sendo o Moç. Tudo pelo Moç é o nosso novo lema”. Juntos Pela Vila Gilda Sobre a participação na ação Juntos Pela Vila Gilda, Izzi afirma que todos devem fazer o que pode. Creio que a participação dos artistas é tão importante quanto a participação de qualquer outro profissional quando o assunto é solidariedade. Todos deviam fazer sua parte na medida do possível. É legal estarmos envolvidos, pois podemos influenciar outros artistas e até mesmo o nosso público. Podemos mostrar que realmente estamos interessados em ajudar causas como essa. Izzi