Com data marcada para se apresentar no Brasil pela primeira vez, a banda norte-americana Godsmack lançará em 24 de fevereiro o oitavo álbum de estúdio, Lighting Up the Sky.
Produzido pelo vocalista e guitarrista Sully Erna em parceria com Andrew “Mudrock” Murdock (Avenged Sevenfold, Alice Cooper), Lighting Up The Sky traz uma narrativa poderosa.
“Gosto quando um disco leva você a uma trajetória contada de trás para frente. Percebi que há toda uma história aqui sobre a jornada de um homem, os altos e baixos”, diz Erna.
Até o momento, a banda divulgou dois singles do novo álbum, You And I e Surrender. As faixas devem fazer parte do repertório do show em São Paulo, que acontece no dia 27 de abril, no Vibra SP. Ainda há ingressos disponíveis.
O Blog n’ Roll vai sortear dois pares de ingressos para essa apresentação histórica. Fique de olho no nosso Instagram.
O baterista do Godsmack, Shannon Larkin, conversou com o Blog n’ Roll, via Zoom, sobre o novo disco, show no Brasil e planos futuros da banda.
Lighting Up the Sky é o oitavo álbum de estúdio do Godsmack. O que representa na discografia?
Esse novo disco é como uma carta de amor à uma carreira inteira. Representamos as várias décadas de músicas que produzimos em um conjunto de faixas.
O disco é feito para ser ouvido como um disco, claro que as músicas podem ser ouvidas isoladamente, mas fizemos para ser ouvido com um disco, de ponta a ponta, viajar na jornada da nossa carreira, altos e baixos.
Como foi o processo de produção?
Fomos até o Andrew Mudrock, que trabalhou em nossos dois primeiros discos. Ele fez a engenharia de som e co-produziu como nosso talentoso vocalista, que sempre tem controle no produto final.
Acho que é bem único, soamos como soamos, tentamos fazer música como gostamos, e fazer de modo que os outros gostem.
Já são 25 anos desde o primeiro álbum do Godsmack. Qual é o ponto fundamental para essa convivência?
Basicamente, é algo que manteve a banda viva por tanto tempo, tomamos um ano para escrever e gravar, dois anos para tocar no máximo de lugares possíveis para fortalecer o disco, e depois ficamos um ano sem se ver. Vamos para casa, para nossos travesseiros, cachorros, gatos, namoradas, esposas, e ficamos um ano sem nos ver. Depois voltamos para gravar um disco, e fazer turnê depois.
Desde que entrei em 2002, lançamos um disco a cada quatro anos, mas quando lançamos o último disco, do fim de 2018 até o de 2019, demos três voltas ao mundo. Posteriormente, em 2020, tinha mais sete meses de turnê, e a pandemia veio, não houveram shows. Então tiramos nosso ano de férias.
Logo depois, em 2021, nos reunimos para escrever o disco, mas um dos membros passou por um divórcio muito difícil, um relacionamento longo. Fomos todos para casa, e ele pegou a energia do término e voltou no final com cinco ou seis músicas do novo álbum. As coisas vieram naturalmente, e soaram como soamos.
Um período intenso, sem dúvida…
Achamos que talvez seja nosso último disco, não é que vamos nos separar, mas achamos que é hora de tocar nossas músicas e fazer nossos fãs felizes. Toda banda com 20, 30 anos de carreira, entra em um espiral de queda quando envelhecem. Preferimos parar de produzir e ser uma banda que amamos, sem a pressão de fazer novos discos.
Estamos nessa fase da vida que a parte de criação da música sempre fará parte da nossa vida, em projetos paralelos, mas nunca fomos uma banda que se divertiu gravando e fazendo novas músicas. Sempre foi muita pressão e perfeccionismo, a parte divertida é sair e tocar.
Estamos na fase da vida que vamos sair de turnê enquanto sentirmos bons o suficientes para representar nossa música, depois vamos parar, sem turnê de despedida caça níquel, vamos parar quando quisermos. Mas antes vamos para o Brasil.
Muitas bandas têm optado por singles ao invés de álbuns cheios. Como o Godsmack enxerga isso?
Tentamos seguir as tendências da atualidade, é um mundo orientado por singles, parece que as pessoas não gostam mais de ouvir discos inteiros, é meio triste para nós, músicos mais velhos. Podemos ver quando era tudo sobre álbuns inteiros, e se podia viver a jornada que a banda propunha, o trajeto da montanha-russa.
Com isso dito, eu não posso sentar e reclamar sobre como o mundo muda enquanto fico velho, tem seus prós e contras, é como as coisas acontecem.
Tenho uma filha de 23 anos, e vi tudo mudando, é divertido, faço isso há tanto tempo. Lembro de lançar um disco quando estava em outra banda, que lançamos um álbum quando todas as gravadoras haviam parado de lançar discos, nós lançamos um. Aconteceu no Godsmack também com o desaparecimento dos CDs.
É doido, mas tem que lidar com isso, e torcer para que as bandas novas consigam lidar também, não sei se é mais fácil ou difícil para elas, é como os negócios são. Será interessante ver como nossos filhos escutarão música no futuro.
Como foi o período da pandemia para vocês?
Eu, pessoalmente, toco profissionalmente desde os 15 anos, tocando bateria a minha vida toda. Não teve um ano que não fiz pelo menos 50 shows. Quando a pandemia veio e estávamos em casa por dois anos… Sou alcoólatra, estou sóbrio há seis anos e meio, mas não sabia se iria voltar a beber, não sabia como iria lidar com isso, ninguém sabia quanto tempo iria durar.
Uma coisa imprevisível aconteceu: tenho carpas e um lago de tartarugas em casa, gosto de meditar lá, sou bem espiritual. Então terminei indo plantar bambu, fazendo bonsai, e me tornei um cara da natureza, da jardinagem, foquei nisso, que me mudou de formas que não sabia, não sabia que poderia me fazer feliz, sem pegar a estrada toda noite.
No final, abracei isso, e na última turnê senti falta de casa, então foi uma mudança na minha vida. Estava feliz de estar em turnê, mas percebi que poderia estar em casa e estar feliz também.
Você já veio ao Brasil?
Conheço o Brasil de uma visita há 10 ou 15 anos. Em outra banda, tocamos em umas três cidades, viajando de van. Foi legal poder ver parte do país, paisagens mágicas, as pessoas, foi um momento muito bom.
Como americano, sempre amamos o Brasil desde o Pelé. As pessoas são lindas, não conheço um americano que não gostaria de ir ao Brasil. Sei de um amigo que está neste momento no Brasil de férias. Amo a energia, e como músico, todo show que se vê no Brasil é possível ver que há uma cultura muito apaixonada por música. Como compositor, baterista, músico, é importante para mim.
Minhas plateias preferidas, não importa o tamanho, são as apaixonadas. É por isso que toco e por isso que gostei de tocar no Brasil. Quero tocar novamente.
O que você pode adiantar sobre o show do Godsmack no Brasil?
Vamos tocar umas 17 músicas, tocamos há tanto tempo juntos que sabemos quais funcionam melhor ao vivo. Em resumo, vamos tocar pelo menos uma música de cada disco e alguns duas músicas. O último, por exemplo, devemos tocar duas ou três pois agrada o público.
Quando se trata de setlist, não escolhemos as músicas, os fãs que escolhem. Se uma banda toca no rádio, e é pedida pelo público, então sabemos que devemos tocar. Deixamos os fãs escolher o que tocamos.
Não temos muita ideia do que fazer no Brasil, já que nunca fomos lá, não sabemos se somos conhecidos, se vamos vender bem, vamos tocar o que tocaríamos se fosse nos EUA e torcer para que gostem.