O ator norte-americano Josh Radnor, 43 anos, alcançou o estrelato em 2005, quando passou a interpretar Ted Mosby, personagem central da série How I Met Your Mother (Como Conheci Sua Mãe, exibida pela Sony). Durante nove temporadas, ele narrou suas aventuras amorosas e tentou explicar aos filhos como havia conhecido a mãe deles (ou seria a tia?).
Mas Radnor nunca quis restringir o seu talento aos seriados. Já atuou no cinema como ator e diretor, dirigiu videoclipe e subiu ao palco da Broadway diversas vezes. Atualmente, ele investe em um projeto musical chamado Radnor & Lee, no qual tem a companhia do amigo Ben Lee. O disco de estreia foi lançado em novembro.
Na próxima terça-feira, a dupla de folk inicia uma rápida turnê pelo Brasil. Serão cinco shows: Belo Horizonte (16), Curitiba (17), Limeira (19), São Paulo (20) e Rio de Janeiro (21). Na semana passada, pouco antes de buscar seus vistos para o Brasil, Josh Radnor e Ben Lee conversaram com a gente, via telefone, sobre o que pretendem tocar em seus shows.
Confira a entrevista…
Quando e onde vocês se conheceram?
Radnor: Nós fizemos essa série How I Met Your Mother por muitos anos e eles (produtores) iam usar uma música do Ben no show, e acabaram não usando, mas ele começou a assistir à série e adorou. Depois, pediu aos criadores da série se ele poderia ir ao set de filmagem para ver como a gravação era feita. E eu sou fã de sua música, e quando soube que ele viria fiquei tão entusiasmado de conhecê-lo que a gente logo se conectou.
Acabamos conversando por muito tempo. Eu não acho realmente que a gente tenha trocado informações, mas a gente se encontrou novamente, por coincidência alguns meses mais tarde, ou talvez não tão por coincidência, e acabei jantando com ele e sua esposa, Naomi, e aí nasceu nossa amizade.
Vocês trabalharam juntos antes de lançar carreira como Radnor & Lee?
Lee: Não, nós não trabalhamos juntos. Quer dizer, a gente teve uma conversa criativa acontecendo, mas a gente não estava realmente produzindo nada juntos. Acho que esta é a primeira vez que, de certa forma, colaboramos, e realmente fizemos algo juntos.
Lee sempre teve uma carreira mais longa na música, enquanto Radnor é mais lembrado por seu trabalho na TV e em filmes, correto?
Radnor: Sim, com certeza. Quero dizer, Ben tem feito música desde que tinha quantos anos? 13? 12?
Lee: Sim, 13.
Radnor: 13, eu comecei a atuar por volta de 15, 16 anos. Quer dizer, eu sempre cantei um pouco, e cantei profissionalmente no teatro. Mas essa é minha primeira colaboração e tentativa como cantor e compositor.
Você sempre pensou em gravar algo e ter uma carreira de músico?
Radnor: Não. Eu escrevi algumas músicas com pessoas durante anos e percebia que gostava muito disso. Eu sempre amei rimas e ritmo, eu sou muito, muito fã de música.
Mas não sabia que era algo que eu poderia, que eu poderia me tornar profissionalmente tanto um compositor como um músico, até que eu e Ben nos conhecemos e começamos a escrever canções. E é tão fácil, tão divertido, e as pessoas são receptivas para a nossa música. E agora eu sinto como se fosse apenas um outro complemento do que faço.
Como você faz para lidar com sua carreira de músico e ator?
Radnor: Eu apenas vou realizando as tarefas conforme elas vão aparecendo. Você sabe, eu e Ben estamos escrevendo músicas hoje, e conversando com você, e isto é o que estou fazendo agora e não estou trabalhando como ator agora.
Mas eu participei da filmagem de um seriado (Rise) que irá ao ar em março, e vou a campo para promover este trabalho e tenho esperança de fazer mais coisas desse tipo. Eu apenas faço os projetos conforme eles vão aparecendo e isso é divertido e inspirador. E tudo parece funcionar bem dessa maneira.
Antes deste projeto, Lee tocou numa banda chamada Noise Addict, que tinha um som mais alternativo. Você traz alguma coisa dessa época para o Radnor & Lee?
Lee: Eu acho que isso está completamente esgotado (risos). Não, eu acho, com certeza, que o que você já fez artisticamente afeta você, e você carrega consigo. Assim, de certa maneira, como o punk rock está sempre no meu DNA. Tem algo a ver com o desejo de destruir, que sempre esteve em minha formação artística.
Como gostar de romper com as coisas, mas agora isto está se tornando mais maduro. E agora, muito do que Josh e eu discutimos é como romper nossas próprias expectativas e de outros. Não é para perder o foco, mas algo que pode te dar mais espaço.
Como foi o processo criativo para as composições do seu primeiro álbum. Qual foi a mensagem e como foi a gravação? Foi rápida?
Lee: Nós sempre escrevemos canções, somente eu e Josh, com guitarras e violões no sofá, basicamente. E depois de Ryan Dilmore, que é um maravilhoso produtor, nós produzimos muitos outros sons na gravação. Mas eu acho que foi muito, muito orgânico. Eu não sei, o que você acha?
Radnor: Sim, quero dizer este meu primeiro processo obviamente escrevendo muitas músicas e gravando um álbum com um amigo, eu sinto que… bem eu acho que o processo todo foi muito orgânico, começando a gravar shows ao vivo no Hotel Cafe, que é um ótimo local em Los Angeles. E nós sabíamos que as pessoas estavam receptivas para a música e nós sabíamos que nós amávamos tocar essas músicas.
Nosso amigo Ryan tem um ouvido incrível e um maravilhoso sentido de onde levar essas músicas. Nós deixamos ele administrar isso, e colaboramos muito com ele nesse processo todo. Assim, foi um processo muito divertido e fácil, sem nenhuma interferência com pessoas que não estavam em nossa sintonia. Houve uma grande colaboração por toda a parte.
Isso acontece muito facilmente para você, é algo natural em tudo que está envolvido?
Radnor: Eu costumo confiar facilmente em processos criativos. Quero dizer, um pouco de tensão também é bom. Você sabe, quando estamos escrevendo e estamos presos em algo e ambos temos boas ideias, e aí até aparece uma terceira ideia melhor ainda, isso é muito divertido. Em termos de material interpessoal, eu acho que você sempre consegue muitas coisas lindas pela facilidade de colaboração.
Quais influências musicais você sentiu quando preparou os arranjos e as letras das canções?
Lee: Eu acho que basicamente havia muito folk music. Queremos dizer algo como Simon and Garfunkel ou Peter Paul and Mary. Mas também coisas indie que ambos gostamos. E agora estamos escrevendo um tipo de música com um som mais agressivo, talvez. Mas ainda muito baseado em harmonias e narrativas.
Você sabe, canções são interessantes porque você pode ter todos esses tipos de influências, mas elas não soam como essas influências. Mas quando lembro do primeiro álbum, tenho consciência que éramos apenas melódicos e folk.
Fale um pouco sobre o show no Brasil, qual será o repertório e o que pretendem incluir no set?
Lee: É muito, muito, cover de Lady Gaga (risos). Weezer!
Radnor: Weezer! Sim, está em toda a parte do mundo, então se as pessoas conhecem o álbum, elas irão certamente escutar muitas músicas da gravação. Mas nós também temos muitas músicas que não foram gravadas ou que só poderão ser ouvidas nas apresentações ao vivo.
Sim, nós temos um grande catálogo de músicas que estamos entusiasmados e talvez uma ou duas que serão tocadas pela primeira vez na América do Sul. Estamos muito entusiasmados. Pessoas que conhecem o disco irão ouvir algumas de suas antigas favoritas, mas também ouvirão material novo.
Vocês conhecem algo da música brasileira?
Radnor: Conheço diferentes artistas sul-americanos que adoro, como Silvio Rodriguez (Cuba) e Mercedes Sosa (Argentina). Eu adoro o Little Joy. Acho que é de um artista brasileiro (banda formada por Rodrigo Amarante, dos Los Hermanos, Fabrizio Moretti, do The Strokes, e Binki Shapiro). Foi algo brilhante.
Lee: Para nós é uma oportunidade (conhecer música local), muito interessante como ela apareceu, porque Josh, você sabe, sua serie é muito popular na América do Sul. Mas é muito popular no mundo todo, por isso é difícil para nós entender por que, em alguns países, as pessoas se apaixonam também pela música. Mas nós tivemos muita sorte quando recebemos a proposta para vir ao Brasil e Argentina, nós dissemos ‘yeah’!!!
É sua primeira visita ao Brasil?
Lee: Sim, mas Josh já esteve aí antes. Assim, para nós explorar é parte da diversão. Não sei, espero poder conhecer um pouco da música brasileira. Nos ligarmos em algumas coisas locais que ainda não conhecemos.
O que os levou a escolher o Brasil em sua primeira turnê? Cronogramas, pedidos dos fãs, curiosidade em conhecer o País? O que mais?
Lee: Recebemos uma proposta. Sim, alguém nos mandou um e-mail e disse “gostariam de vir? Parece que vocês têm público aqui, e o pessoal adora vocês no Facebook”. (risos)
Radnor, deixei espaço para os fãs enviarem perguntas, mas todas são muito semelhantes, relacionadas ao How I Met Your Mother. Você topa responder?
Radnor: Claro!
A primeira questão é bem difícil, não sei se você sabe a resposta, mas o que aconteceu com o abacaxi (teoria não explicada na série)?
Radnor: Oh…não… Acho que é apenas um desses mistérios eternos que as pessoas têm que conviver e ponderar.
Certo, você não pode saber, é um mistério.
Radnor: Sim.
Você torceu para um final com a mãe ou com Robin?
Radnor: Bem, para mim, eu meio que senti um pouco dividido… Eu pensei em ambas as atrizes fazendo o papel de Robin e Tracey, fiquei feliz de contracenar com ambas, mas eu não era um dos roteiristas. Assim, eu apenas fiz as cenas da maneira que elas vieram, e tentei fazer isso honestamente. Confiei que os roteiristas tinham uma forte visão da série. Portanto, eu realmente não tinha nenhuma opinião sobre isso.
Lee: Eu não acho que se trata de pessoas reais (risos).
Acredita que a série pode voltar, ganhar uma adaptação para o cinema ou mesmo virar um especial?
Radnor: Bem, não escutei nada sobre isso, mas vou saber lidar com isso se acontecer. Não pensei muito nisso. Vamos ver.
SERVIÇO: Ainda há ingressos à venda para o show de radnor & lee no carioca club (Rua Cardeal Arcoverde, 2.899, em são paulo), que acontece no próximo dia 20, a partir das 18h. Os ingressos custam entre r$ 120,00 e R$340,00. Site.