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Crédito: Jason Frank Rothenberg

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Entrevista | Dirty Projectors – “Tenho escutado bastante o som do Tim Bernardes”

Pouco mais de um ano após a morte de João Gilberto, um dos maiores gênios da música brasileira, uma linda homenagem chega de Los Angeles. A banda de indie rock Dirty Projectors acaba de lançar o EP Super João, que reverencia no título, mas também mostra uma sonoridade muito inspirada na obra do baiano de Juazeiro.

“Eu amo a música dele e a forma como ele tocava seu violão. É importante para mim. Eu trabalhei nessas músicas no ano passado, quando soube que ele faleceu. Por isso decidi nomear o EP de Super João”, comenta o vocalista e guitarrista, Dave Longstreth. 

Super João é o terceiro de um ciclo de cinco EPS, que marca o crescimento e a transição da banda ao longo de 2020. Cada EP até hoje iluminou um membro específico da banda, e Super João foca em Dave. A coleção sutil, acústica e direta em fita combina melodias de formato longo com progressões de acordes surpreendentes para criar um clima que lembra Arthur Russell, Chet Baker e – é claro – João Gilberto.

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Paixão pela música brasileira

A paixão por João Gilberto vem da infância. Dave conta que seus pais tocavam os álbuns do baiano em casa. “Ele acabou marcando parte da minha vida”, resume.

O vocalista do Dirty Projectors vai além quando fala sobre música brasileira. “Era adolescente quando descobri o Caetano Veloso, Gal Costa… esse pessoal. Eu comecei a descobrir essas músicas quando estava crescendo, e isso me fez abrir muito a mente. Quando tive a minha primeira oportunidade de tocar no Brasil, o Caetano foi no meu primeiro show, no Rio, e conhecê-lo foi algo surreal”, comenta, aos risos.

Dos mais atuais, Dave destaca o vocalista do grupo O Terno. “Tenho escutado bastante o som do Tim Bernardes, e de seu irmão, Chico Bernardes. Acho que são só esses dois, mas adoraria conhecer bem mais”. 

Não bastasse a influência dentro de casa, o norte-americano também gravou com outro músico brasileiro, o percussionista Mauro Refosco, figura conhecida na trajetória do Red Hot Chilli Peppers e David Byrne.

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“Certamente contribuiu mais ainda para o meu conhecimento de música brasileira. Eu já escutava músicas do Mauro bem antes de conhecê-lo. Acompanhei o trabalho dele pela primeira vez no álbum Grown Backwards, do David Byrne. Ele é um cara muito legal e um músico incrível. Trabalhar com ele no Dirty Projectors foi praticamente um sonho se tornando realidade. Eu amo ele”.

EPs em série do Dirty Projectors

A série de EPs do Dirty Projectors reserva ainda mais dois títulos em 2020. Segundo Dave, a ideia do projeto surgiu quando a banda começou a trabalhar no show ao vivo do último álbum.

“Tem sido muito natural encaixar as músicas em cada EP, é algo muito intuitivo. Sobre Super João, a ideia foi escolher músicas com um grande senso de liberdade, com progressões livres e selvagens”. 

A sequência de EPs temáticos para cada integrante é uma forma de destacar o que é produzido por cada um deles.

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“Sempre foi minha ideia para a banda: mudar assim como a música muda. Só queria poder explorar o maior tipo de músicas e sons. Trabalhar com muitos músicos diferentes ao longo dos anos é uma honra, um privilégio e uma alegria enorme”.

Enquanto a pandemia segue forte, Dave conta que espera o quanto antes conhecer o Brasil. De forma segura para todos, claro.

“Esse ano acabou com a maioria dos planos de muita gente, assim como os nossos. Eu não sei quando vou poder tocar de novo no Brasil, mas adoraria voltar quanto antes. Amo o país e amo tocar para os fãs brasileiros. Espero que não demore muito”.

***Texto e entrevista por Lucas Krempel e Caíque Stiva

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