Cafuzø evoca raízes da cultura brasileira em single de estreia
Duas potências sonoras da cena instrumental brasileira se unem em Cafuzø, um projeto que transforma sensações e texturas em músicas celebrativas. O single Conselho dos Guardiães é a primeira amostra da união criativa de Sandro Lustosa (percussões) e Glaucus Linx (saxofones e teclados) onde os povos originários ganham seu lugar merecido: o de protagonistas. Lustosa e Linx unem seus talentos para criar uma textura sonora única e autêntica, resultante de sua profunda imersão conceitual no vasto oceano dos sons. A composição flui de forma espontânea, encontrando inspiração nos timbres elementares e melodias desse vasto universo sonoro que vem da união de um afrobrasileiro com um descendente dos povos originários. É um verdadeiro caldeirão alquímico onde a surpresa é o prato principal. Cafuzø é a união de dois grandes instrumentistas que construíram suas carreiras a partir do Rio de Janeiro e do estado do Acre, para o Brasil e o mundo. Glaucus Linx, renomado arranjador, compositor, saxofonista, produtor e pesquisador musical brasileiro, traz consigo uma vasta experiência tanto nacional quanto internacional. Sua trajetória inclui colaborações com artistas de renome, como Salif Keita, com quem trabalhou por cinco anos e fez arranjos para o disco Folon (Salif Keita, Mali, 1995), Isaac Hayes (trilha sonora de Shaft, EUA, 1997), Eddie Louiss Orchestre (França, 1992), Zucchero (Itália, 1997), Ghetto Blaster (Togo/Nigéria, 1997), Tonton David (França, 1997), além de Cazuza, César Camargo Mariano, Sandra de Sá, Banda Black Rio, Zezé Motta e Fábio Fonseca. Entre seus trabalhos de destaque, Glaucus produziu e fez arranjos para o aclamado álbum de Carlinhos Brown, intitulado Alphabetagamatizado (1996), e para o álbum de Elza Soares, Somos Todos Iguais (1985), entre outros projetos. Atualmente, o músico dedica-se a variados trabalhos autorais, como Ancestrais Futuros, Alabê KetuJazz e Trium. Já Sandro Lustosa é um percussionista e produtor musical com 37 anos de experiência musical. Lustosa já teve a oportunidade de tocar e gravar com diversos artistas renomados nacional e internacionalmente, incluindo Emílio Santiago, Baby do Brasil, Pepeu Gomes, Blitz, Manu Chao, Macaco, BNegão & Seletores de Frequência, Lila Downs e David Byrne, entre outros. Sua habilidade percussiva e sua versatilidade o levaram a participar de trilhas sonoras tanto no Brasil quanto no exterior, como na série de televisão Dona Flor e seus dois maridos e no filme Amnésia, do cineasta italiano Gabriel Salvatore, que ganhou um Oscar com o filme Mediterrâneo. No teatro, Lustosa colaborou com o saudoso diretor João das Neves na peça Tributo a Chico Mendes. A união desses talentosos músicos resulta no projeto Cafuzø, cuja criação é inspirada pela vivência de Sandro na Amazônia, mais precisamente no Acre. Crescendo imerso nos sons e melodias da floresta amazônica, Lustosa traz consigo essa riqueza sonora em sua trajetória como percussionista ao redor do mundo. Glaucus Linx, por sua vez, contribui com as cores de suas experiências e turnês pelos territórios brasileiro, africano, norte-africano e americano. Sua experiência como músico, arranjador e observador das culturas enriquece o projeto, fortemente ancorado em suas andanças pelo mundo.
Entrevista | Daymé Arocena – “Quero fazer o jazz popular novamente”
Destaque da nova cena do afrojazz cubano, a cantora e compositora Daymé Arocena, de 30 anos, abraçou de vez o Brasil em seu último single, Dançar e Voar. A faixa, um samba, foi inteiramente composto em português. Aliás, recebeu a produção do carioca Kassin. Produzida entre Porto Rico e Rio de Janeiro, a composição de Arocena ganhou o conhecimento de Kassin, que mergulhou em uma balada samba inspirada em artistas como Djavan, Luedji Luna, Ed Motta e Gal Costa. A banda é formada por Kassin no baixo junto de grandes músicos: Danilo Andrade (teclados), Davi Moraes (guitarra), Alexandre Siqueira (percussão) e Daniel Conceição (bateria). Em entrevista ao Blog n’ Roll, Daymé Arocena falou sobre Dançar e Voar, música brasileira e o que a levou para Porto Rico. Confira abaixo. Impossível não iniciarmos essa conversa sem falarmos sobre Dançar e Voar. A canção é inteiramente em português. Como surgiu esse interesse pelo samba e o idioma? Não era minha intenção escrever essa música em português. Para mim, a linguagem é apenas o canal, o jeito que conecto a minha música, meu mundo. É um jeito de me expressar, mas o mais importante é a música. Eu tinha a melodia, a música, a harmonia, a vibe, o ritmo, e soava como um samba para mim, e aí então decidi fazê-la em português. Só agradeço ao Google Tradutor, pois sempre me ajuda com as línguas que não sou fluente. É uma ferramenta muito boa de se ter, pois agora tudo que eu imaginar posso colocar no tradutor. Aliás, do espanhol para o português, geralmente é muito simples. Apenas faço a letra em espanhol e depois ponho no tradutor, e me ajuda a dar forma a ela. Você sempre ouviu música brasileira? Quais artistas você mais admira no Brasil? Muito. Gosto de muitos compositores e cantores, como Djavan, Ed Motta, Jair Oliveira, Antônia Carlos Jobim e Arlindo Cruz. Também amo cantoras, como Gal Costa, Elis Regina, Maria Rita, claro, Bebel Gilberto. Para mim são como dois mundos, a composição é muito importante, mas a interpretação é o principal objetivo. O Brasil tem ótimos compositores e intérpretes. Quando era mais nova gostava de escutar uma banda chamada Zuco 103 (grupo holandês com vocalista brasileira). Marcos Vale também, pude conhecê-lo pessoalmente, em um festival em Montenegro. Como foi trabalhar com Kassin? O que ele trouxe de bom e inovador para o seu trabalho? Ele é um doce de pessoa. Acho que já tínhamos nos conhecido pessoalmente há alguns anos, mas toda a comunicação foi feita por chamadas de vídeo no Zoom, devido a pandemia. Não tivemos a possibilidade de estar juntos, sentar para trocar ideias na mesma sala fisicamente. Mas, honestamente, a comunicação entre nós foi muito boa, me senti muito conectada com ele desde o começo. Ele entendeu meu mundo, meu jeito, minha missão com a música, e trabalhar com ele foi muito fácil. Atualmente você mora em Porto Rico. Qual foi o motivo dessa escolha? Tem algo a ver com a sua produção? Primeiramente, deixei Cuba em 2019. Foi uma decisão muito difícil, mas foi devido a situação política, uma ditadura que vem oprimindo nosso país há mais de 60 anos. Ficou muito difícil para artistas tornarem seus sonhos realidade. Também enfrentei alguns problemas com o Ministro da Cultura, pois não mantenho minha boca fechada, digo o que penso, o jeito que penso. Meu marido e eu decidimos sair e fomos para o Canadá, que é um lugar muito diferente, uma cultura diferente. Toronto tem uma grande comunidade brasileira. Honestamente, era a melhor parte de morar em Toronto. A comunidade brasileira, as padarias, amava comer sonhos. Era um grande abraço acolhedor para mim. Moramos na região portuguesa, mas todos são brasileiros, chamam de Little Portugal, eu amo Little Portugal. No entanto, houve um momento que o Canadá era muito frio, especialmente para uma mulher caribenha como eu. Gosto de pessoas sorrindo, dançando, gosto de sair, odiava os casacos, o clima frio, tudo isso não era para mim. Mas não planejei sair do Canadá, fui convidada a fazer uma colaboração com um produtor musical de Porto Rico muito bom e respeitado, Eduardo Cabra, conhecido como Visitante do Calle 13. Calle 13? Calle 13 foi um fenômeno musical muito forte, misturando hip-hop com ritmos latinos. Eles eram um duo. Residente que é o René, o rapper, que movia o público, e o outro cara era o Eduardo Cabra, o cérebro musical por trás. Tem uma música muito influente para os latinos, que teve colaboração com a Maria Rita. Então, o Calle 13, fez muito barulho, foi muito grande, mas em certo ponto decidiram fazer cada um seu próprio projeto. O Eduardo continuou focado na produção. Vem fazendo história por sua produção e o jeito que enxerga a nossa música regional. Ele tem 28 Grammys, é um gênio. Trabalhando com ele e vendo sua paixão, vejo que é por isso que tem tantos Grammys. A mente dele é explosiva. Você percebe conexões entre Porto Rico e Cuba? Sou muito mandona com minha música, pois sou compositora, mas vejo que com ele (Eduardo) minhas músicas estão sempre em boas mãos. Então vim para Porto Rico para trabalhar com Eduardo Cabra. Mas desde o primeiro dia, quando coloquei meus pés em Porto Rico, me senti de volta a Cuba. Tive flashbacks de como se estivesse voltando para casa, um sentimento forte, liguei para meu marido e falei para mudarmos para Porto Rico, pois não iria voltar para o Canadá, é melhor vir para cá. E isso foi em novembro, então faz basicamente um ano que mudamos para cá. É difícil achar um lar quando se parte da sua terra natal. É um processo pesado, não vejo minha família há quatro anos. Difícil, mas fica mais fácil quando se encontra um lugar que se parece com a nossa terra, onde se sente uma conexão, para mim é muito importante. Está nos planos fazer shows no Brasil para divulgar seu trabalho? Temos vários festivais relevantes de jazz. Seria uma ótima
Raphael Cortezi lança EP com versões jazzísticas de Beatles, Stevie Wonder e Coltrane
Raphael Cortezi mostrou sua versatilidade em um registro ao vivo em estúdio de seu já elogiado show Jazz Funky Sessions. Como o nome entrega, a mescla de gêneros musicais guia o repertório, que traz releituras potentes e instrumentais de três composições icônicas do século 20: Mr. Day, de John Coltrane; Isn’t She Lovely, de Stevie Wonder; e Come Together, de Lennon e McCartney. Nos vídeos disponíveis no YouTube, surge uma faixa bônus com uma interpretação de Billie Jean, de Michael Jackson. “O conceito por trás deste projeto foi unir diferentes vertentes e repertório que gosto de tocar, que falam comigo e fazem com que essas canções se comuniquem com o público também. Indo do jazz ao pop, soul e rock n’ roll, tudo unido pelo ritmo e pela linguagem do funk e soul”, entrega Raphael. Instrumentista, compositor, arranjador e diretor musical, Cortezi iniciou seus estudos de forma autodidata ainda muito novo. Aos 15 anos, ingressou como bolsista na Fundação das Artes de São Caetano e, dois anos depois, integrou o Conservatório Souza Lima-Berklee, onde estudou violão erudito com Fábio Ramazzina e Luiz Stelzer. Com 17 anos já atuava profissionalmente e posteriormente aperfeiçoou seus estudos em harmonia, improvisação e arranjo com Lula Galvão, Heraldo do Monte, Rodrigo Morte, Peter Farrell e Aldo Landi. Agora, Raphael Cortezi mira novos horizontes com o lançamento de Jazz Funky Sessions. O projeto teve início em julho de 2019, com a gravação do EP ao lado dos músicos convidados Gabriel Altério (bateria) e Jonatas Francisco (piano/teclados), no Estúdio 99, com Raphael Cortezi assumindo o protagonismo na guitarra. Tudo num caldeirão de influências e sonoridades que está disponível nas plataformas de streaming e no canal do YouTube do artista.
Guinebissau mistura stoner, jazz e punk no EP de estreia
O duo paranaense Guinebissau, formado por Thiago Franzim e Douglas Labigalini, dois músicos das bandas Red Mess e Aminoacido, entre outras tantas, mistura do stoner ao jazz e do punk ao country nas cinco músicas do EP de estreia, Talvez pode ser quem sabe. O registro está disponível nas plataformas de streaming via Abraxas Records. Nascido sem muitas pretensões na casa da Dona Cida, o Guinebissau fez do porão da vó um estúdio improvisado. Em resumo, com microfones emprestados, bateria remendada, guitarra suando, calor de janeiro, ventilador no máximo. Durante três dias, em meio às fotos de família que vão dos anos 50 aos 90, surgiram os primeiros sons do que é o Guinebissau. Aliás, o duo se intitula um projeto stoned punk psycho smooth country jazz rock. A faixa título do EP ganhou videoclipe com direção de Gabriel Lemes.
Amaro Freitas se consolida como revelação do jazz nacional no disco Sankofa
O artista pernambucano Amaro Freitas, divulgou na última sexta-feira (25), o seu terceiro disco de estúdio, intitulado Sankofa. Aliás, já chega como um dos melhores discos da temporada. “Em Sankofa, trabalhei para tentar entender meus ancestrais, meu lugar, minha história como homem negro. A história dos povos originários, das diversas etnias que ocuparam este território, de como somos plurais. O Brasil não nos disse a verdade sobre o Brasil”, conta. Ademais, Amaro se consolida ainda mais com uma das maiores revelações do jazz nacional com o lançamento do novo álbum. Em síntese, Sankofa, símbolo Adinkra dos povos acã, da África Ocidental, representa um pássaro com a cabeça voltada para trás. Contudo, quando se deparou com o símbolo em uma bata à venda em uma feira africana no Harlem, em Nova York, compreendeu a importância do significado. Então, Amaro fez dele o conceito fundamental do disco. Contudo, como todos os álbuns do pernambucano, Sankofa levou cerca de três anos para ser feito. Em resumo, com o trio passando oito horas por dia, quatro dias por semana no estúdio. “Valorizamos o processo criativo. Sabemos que leva tempo para chegar a um lugar diferente, para entendê-lo e traduzi-lo. É dedicação, disciplina e sabedoria. Meses se passam e as ideias começam a se encaixar. O tempo é o mais importante. Não podemos chegar aonde queremos sem ele. Tenho o desejo de dizer às gerações futuras: vamos desacelerar, vamos nos dar mais tempo, vamos fazer coisas mais profundas. Vamos parar de nadar na superfície, vamos mergulhar”, diz Amaro Freitas. Em resumo, o trabalho conta com a colaboração de Jean Elton (baixo) e Hugo Medeiros (bateria), que formam o Amaro Freitas Trio desde seu início.
Com pop, jazz e música eletrônica, Gabriel Thes e Gabe.Sx divulgam single “Oração Pra Ela”
Toda relação tem as suas dificuldades. E para enfrentá-las, é essencial ter fé. Este é o tema do novo single do cantor Gabriel Thes em parceria com o produtor Gabe.Sx, intitulado Oração Pra Ela. No âmbito melódico, a faixa dialoga com o pop e o jazz enquanto flerta com aspectos da música eletrônica. Este é o segundo lançamento que os artistas divulgam em conjunto neste ano. Anteriormente, Gabriel Thes e Gabe.Sx disponibilizaram o single Vento. Ambas as faixas ainda utilizam nuances de bossa nova para frisar o sentimentalismo e a união da dupla. Para o produtor, Oração Pra Ela tem uma dinâmica simples. “Propositalmente, inclui poucas partes percussivas. Assim, deixamos toda a tensão por conta do violão, da voz e do baixo. Isso faz com que o ouvinte dê mais atenção para a mensagem da música”, explicou Gabe.Sx. Thes, por sua vez, destaca a melancolia da letra. “Os versos foram escritos literalmente no formato de uma prece. Por isso, vejo a letra como uma espécie de pedido de socorro em prol de um relacionamento. Mais do que isso, também é uma dedicatória”. Vale pontuar que o single Oração Pra Ela deverá integrar o setlist do próximo álbum de estúdio de Gabe.Sx. Natural de Santos, São Paulo, o artista já colaborou com diversos nomes internacionais. Em 2018, por exemplo, trabalhou em parceria com Cxsinesis (México), Gary O’Neill (Irlanda) e Dreamalot (Canadá) no debute Vancouver Sessions. Gabriel Thes é proveniente de Belo Horizonte, Minas Gerais. Porém, reside em Cubatão. O cantor e letrista também conta com novos lançamentos autorais em desenvolvimento.
Morre Chick Corea, lendário pianista de jazz, aos 79 anos
Lenda do jazz, Tony Bennett revela estar com Alzheimer desde 2016
O músico Tony Bennett, uma das lendas do jazz, revelou que foi diagnosticado com Alzheimer. Quem revelou detalhes foi a mulher do cantor de 94 anos. Segundo ela, em um artigo para a revista AARP, mesmo com a doença, o artista segue em plena produção de um novo material musical. Susan ainda informa que Bennett foi diagnosticado em 2016. E desde então sofre com perdas de memória e dificuldades para reconhecer objetos. Ela garante que Tony ainda não começou a esquecer pessoas. Desde que soube que estava com a doença, o artista segue se tratando contra a doença. “Ele está fazendo tantas coisas, aos 94, que muitas pessoas mesmo sem demência não conseguem fazer. Ele realmente é um símbolo de esperança para pessoas com transtorno cognitivo”.