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Entrevista | Adi Oasis – “Serena nos mostrou o caminho para lutar”

A artista franco-caribenha Adi Oasis, enfim, fará sua estreia no Brasil. Responsável por um som cativante, que é uma fusão de soul, funk e R&B, a cantora se apresenta na próxima quinta-feira (11), na Audio, em São Paulo. No mesmo evento, a sensação do jazz britânico Alfa Mist também estará presente. Ainda há ingressos disponíveis.

Além do show em São Paulo, Adi Oasis será headliner do Queremos! Festival, no dia 13, no Rio de Janeiro.

Na bagagem, ela traz o álbum Lotus Glow, o quarto de estúdio, que tem como carro-chefe o single Serena, inspirada na lendária tenista Serena Williams, mas que funciona como uma homenagem à resiliência das mulheres negras.

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“O racismo meio que tentou derrubá-la, mas ela continuou vencendo. Ela nos mostrou o caminho para lutar, manter a cabeça erguida e continuar trabalhando duro em seu ofício”, comenta Adi Oasis.

Para falar sobre os shows no Brasil e a concepção de Lotus Glow, Adi Oasis conversou com o Blog n’ Roll, via Zoom. Confira a entrevista abaixo.

Quais são suas expectativas para os shows no Brasil?

Realmente não tenho expectativas com shows, espero que as pessoas compareçam ao show. É um grande evento para mim, estou super, super animada, significa muito. É um sonho de toda a vida criar essa música que pode me levar a lugares diferentes. Isso é tão incrível.

O que o público pode esperar do set? Você pode nos dar um spoiler?

Meu Instagram está cheio de spoilers do set. Mas a única coisa que as pessoas nem sempre esperam é que fique muito dançante. Minha música é bonita, tranquila e descolada, mas as pessoas deveriam esperar para dançar. Há muita dança. É alta energia. 

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Seu álbum mais recente, Lotus Glow, traz uma importante mensagem de ativismo. Como é para você destacar questões tão importantes em suas músicas? 

É importante porque é a minha verdade. O álbum não foi feito para ser necessariamente político, era para ser um álbum sobre minha história e quem eu sou.

Mas como sou uma mulher negra imigrante na América, torna-se político quando digo a verdade sobre o que vivo todos os dias. Então só tive que manter isso real.

O que você sabe sobre a música brasileira? Você já ouviu algum artista daqui?

Não gosto de dizer que sei muito, mas ouço muito música brasileira. E tenho escutado e estudado isso, principalmente com baixo há anos. Mas também tenho um lugar especial no meu coração para novos artistas no Brasil, que estão meio que no meu mundo, como no mundo do R&B, como Luedji Luna, Xênia França e Lineker.

Há muita música boa. E sinto que todos nós temos uma boa conexão juntos.

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E você pretende encontrá-las aqui? 

Sim, eu realmente as conheci. Já temos uma pequena equipe. Já tenho um pouco de black girl, black girl power, tipo francesa, brasileira, americana. E esse é o meu objetivo: não só preencher a lacuna, como estabelecer uma conexão entre o nosso mundo e o mundo delas.

Aliás, no final das contas, somos como meninas negras tentando fazer acontecer em um mundo às vezes racista. Mas além disso, nós apenas queremos fazer boa música e transmitir uma boa mensagem.

Esse álbum traz ainda uma linda música chamada Serena, sobre uma das maiores atletas de todos os tempos. Quão importante é Serena para as mulheres negras? 

Ela é importante para as mulheres negras, mas é importante para os brancos verem porque Serena é grandiosa. Ela é uma força inegável, ela é tão linda, inteligente e forte. O racismo meio que tentou derrubá-la, mas ela continuou vencendo. Ela nos mostrou o caminho para lutar, manter a cabeça erguida e continuar trabalhando duro em seu ofício.

Mas também mostrou que mesmo quando você é unânime, eles tentarão derrubá-lo. Simplesmente a admiro porque também há algo entre o tênis e a música: a comparação. Ela é definitivamente a melhor. 

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Como se a música não fosse competitiva da mesma forma. Então é mais difícil reivindicar nosso trono, mas ela tem o trono dela. Ela é a rainha.

O Brasil passou por um momento muito turbulento nos últimos anos com a facilitação da compra de armas. Como pode a música chamar a atenção para este problema aparentemente global? 

Bem, acho que está acontecendo. Acho que o fato de você estar me fazendo essa pergunta mostra que a atenção está começando a ser chamada.

E não sou uma política de forma alguma. Não tenho intenção de falar fora da música, esse não é o meu papel.

Mas, novamente, estou dizendo a minha verdade na minha música. Dumpalltheguns é escrita a partir da perspectiva de alguém que cresceu na França, um país onde não existem armas. Ainda não consigo explicar.

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Minha família ainda não entende que na América você pode andar na rua e ter uma arma. Meu pai, que serviu no exército francês, não entende esse conceito. É simplesmente inacreditável.

Então viver aqui e apenas assistir às notícias e aos tiroteios em massa o tempo todo, não é certo. Só precisa ser dito em voz alta que não está tudo bem. Esse assunto ainda é um tabu na América.

É controverso porque metade da América realmente acredita que é seu direito exigir o direito de portar arma. E, para mim, carregar uma arma significa apenas a oportunidade de assassinar alguém.

Deveríamos dar mais valor à vida humana, seja ela negra ou branca, não importa. Em particular, crianças nas escolas. Acho que estou muito feliz por ver a música repercutindo em outros lugares como o Brasil.

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Muitas pessoas estão me escrevendo sobre a música e estou feliz que ela esteja sendo ouvida dessa forma. Que as pessoas possam simplesmente reivindicar essa mensagem: basta largar as armas!

Aqui no Brasil temos muitas pessoas que realmente querem fazer como na América…

É muito assustador, sim, muito assustador.

Quais três álbuns mais influenciaram você como artista? Por que?

Curtis Mayfield – There’s No Place Like America Today (1975);

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D’Angelo – Voodoo (2000);

Marvin Gaye – Here, My Dear (1978)

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